- Oi, tudo bom?
-Tudo sim, e você?
- Ah, eu tava aqui pensando em tanta coisa...
- Ah é? Em quê?
- Coisas. Como seria, por exemplo, se eu te dissesse “sim”,
em vez de ficar pensando e repensando.
- É, seria bom. Eu iria gostar.
- É, é isso. Você iria gostar. Mas e se eu me arrependesse?
E se não desse certo? E se eu quisesse comprar uma bicicleta?
- Eu te amo.
- Eu sei, e te amo também.
- Então...
- Então o quê?
- Amar não implica num “sim”?
-Amar implica em: achar lindo acordar remelento e
descabelado, e achar essencial tomar cervejas juntos e achar divo aquele pijama
de domingo sujo de papaya.
-E isso não é um “sim”?
-Não, sim. Isso é complicado. Porque afinal, não é falta de
amor, é medo de não corresponder às expectativas.
-Ah, ta.
- Pessoas monossilábicas me comovem.
- Verborrágica.
- Orelhudinho.
- ahahahha Orelhudinho? Pô, orelhudinho? Ahaha
- Ah, acho fofo.
- Você é uma boba.
- Sou mesmo, se eu não fosse seria tão mais fácil, e a gente
estaria aí namorando, lindos e felizes, mas tenho a sensação que a mim não cabe
essa tranqüilidade toda.
- Cervejas?
- Si!
- Sabia que isso resolveria seu problema.
- Quase todos. Quase todos.
- Você está linda.
- Esqueci de falar que adoro esse eterno flerte, e talvez
por isso o sim seja complicado. Seria o fim do flerte.
- Ou seria o início de uma nova era.
- É, isso. Sem a parte legal do flerte.
- Boba.
- Lindo.
papaya..
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