terça-feira, 20 de março de 2012

anedota escrita a quatro pés.

ATO UM
*mordida na orelha* **rosnado**
Quieta! Quieta!!! Ó!! Amigo, amigo...
**rosnado** *balança o rabo* -posição de ataque-
*pega o biscoito* Ó, amigo! Amigo! Ó o biscoito! Biscoito!!!
*morde a barra da calça*
*Pega a vassoura e dá com o cabo na  cabeça* FALEI QUE NÃO ERA BOA IDEIA CACHORRO EM CASA... *põe o cachorro no carro e leva pro canil*
*cara de arrependimento* **choro de filhote**

SCENA DOIS
~~ Amor, me lembre de novo o motivo de não termos cachorros.
^^ Porque não encontramos pokebolas no mercado. Por isso sugeri comprar uma coruja.
~~Você procurou na sessão errada. As pokebolas estavam entre as varinhas e os sabres (de luz, no caso, não os tigres). Você nunca acha nada. Vou trocar a coruja por uma iguana. Que não pia.
^^Mas as iguanas não podem levar e trazer as cartas da sua mãe, as cartas da escola, não levam as contas no banco e não acabam com os ratos. Tá, com os ratos talvez, mas não com sapos e lagartixas.
~~Você está cansado de saber que aquela não é a minha mãe. É a mãe do seu filho. Ademais, não gosto quando a coruja lê minha correspondência. Ela me olha com cara de quem sabe mais do que eu. Consiga gafanhotos.
^^Encontrei os gafanhotos, mas você vai ter que pegá-los. Você sabe que eu sou alérgico a essas coisas verdes.
~~Não é alérgico a alfaces. Lembrando, obviamente, das mariposas e das lâmpidas.
^^Alface não tem gosto e mariposas são mal presságio. Grama me dá coceira e eu não gostei do filme do inc.rível hulk também. Aliás, para que são os gafanhotos mesmo?
~~Para que copulem ao som de chico buarque na holanda. Obviamente.
^^ Você quer acabar com a plantação de cevada holandesa, só pode!
~~Meu caro coelho, receio que essa seja a hora de nos deitarmos, pois já é dia.E que fique claro, ponho os gafanhotos nos pratos  das corujas para que brinquem com sabres de luz dentro das pokebolas. Não nessa cama, na nossa. A outra.

(finda o ato. Vampiros sugam o sangue da plateia, que jorra no palco.)




(corroboração do felipe, aquela delissia.)

sexta-feira, 16 de março de 2012

Sobre aceitar.

As vezes a gente corre tanto, e quer tanto e vai tanto atrás de tão nada, que não percebe que se quisermos, a gente cresce, e muda e vive de uma forma diferente. 
A pressa do resultado, a estória da seta e do alvo (vide Paulinho Moska), é a mostra de que chegar ao fim da estrada, sem sentir as sutilezas e as belezas do caminho, é tão pobre quanto não ter caminhado. Respirar fundo, parar por um tempo e entender o percurso, é mais construtor e promove mais crescimento do que o ponto de chegada, faz toda a diferença. E digo com toda a certeza: FAZ diferença. 
Estamos nesse mundo pra crescer. Fisicamente, espiritualmente, mentalmente. Lidar com expansão é altamente  difícil, mas difícil mesmo. Ficamos o tempo todo aí, meio bobos, insistindo que queremos crescer e aprender e ser mais do que ontem, mas quando a oportunidade de crescimento bate na nossa cara, bate com tanta força que pensamos que o crescimento é mais uma praga do que uma purificação. Aí pronto. É choro, é tristeza, é não entender/aceitar Deus, é achar que o mundo é injusto e que a vida está por um fio. Uma pessoa que me quer muito bem, disse do modo menos carinhoso possível: "você não quer ficar bem? ótimo. O ferro é forjado no fogo." 
As pessoas estão se afastando de você, ou notando muitas diferenças nos seus hábitos? Muito bem. Suas vibrações mudaram, suas intenções mudaram. Ficar sozinho dói? Dói, dói muito. Mas logo seus semelhantes se sentirão atraídos a essa nova pessoa que tu se tornou, e aí o crescimento não vai ter mais invejosos, medrosos e inseguros, vai ter gente que já cresceu um pouco mais, que quer crescer, que pode te apoiar, e que pode fazer isso de um jeito quase perfeito. Porque amizade é isso aí, a quase perfeição. A comparação é meio boba, mas dá pra entender: Seus amigos estão preparados pra ir contigo num bar, tomar aquela cervejinha merecida no final da tarde, mas eles estão preparados para não tomá-la, por que você decidiu parar? Amigo, amigo mesmo, entende que não tomar aquela cerveja, naquele dia, naquele ambiente, não vai fazer com que ele seja rotulado disso ou daquilo, mas vai fazer com que ele ponha em ação uma das palavras mais bonitas do mundo: resignação. E você, que viu o que ele fez, vai por em ação outra palavra bonita: respeito. E assim a gente cresce, assim a gente gira. Aí um dia, você lembra o que aquele amigo fez, e aceita o convite e vai tomar a tal cerveja. Porque isso também é se doar. Ser irredutível te deixa pobre. 
Crescer dói. Mas a recompensa é boa. Eu sei que é, porque vejo gente que cresceu, que expandiu, que sabe lidar -na medida do impossível- com doação, com problema, com solução, sem se esconder em qualquer bobagem. Uma vez, a Vó Benedita disse que "O que ocêis chama de milagre, a preta véia chama de ocêis mesmo", e ela tava mais do que certa, porque afinal se a nossa luz não motivar a  mudança e trazer o milagre, não há oração que chegue. 


"Mas rô, sua agorafóbica-bulímica-instável-toda.trabalhada.no.choro, tá dizendo isso tudo?" É, tô sim. Tô dizendo isso tudo por uns quinze motivos básicos, mas os que interessam aqui são: conversar com vó é sempre tudo de bom, mesmo quando a gente adota elas e elas adotam a gente. Ontem conversei com uma vó que disse que minha vida era linda, e me explicou que era mesmo. Me lembrou de vários "porquês" e de várias coisas maravilhosas que aconteceram, e me ensinou que se a gente escolhe o caminho errado, não tem problema, pelo menos um passo foi dado e a gente escolheu alguma coisa. Mais pra frente, se ele tiver errado mesmo, a gente conserta. Com o jeitinho mais malandro possível, ela me pediu pra fazer uma lista de coisas que eu gosto, e que assim que começasse a ficar triste, voltasse a ler essa lista. Eis pois este texto.
Ainda ontem, falei com uma pessoa linda, que tem se mostrado ainda mais linda, porque tem virado um daqueles amigos que a gente admira em silêncio, com respeito e com olhos de quem quer aprender mais. Ele me disse uma coisa tão singela, que mexeu comigo de uma forma tão tempestuosa, que não há como não espalhar. Falei sobre como tava me sentindo, falei sobre as mil coisas que me afligiam, ele olhou pra mim com olhos azuis enormes e disse: "Você está crescendo, aceite." E aí pronto. 

quinta-feira, 15 de março de 2012

50 coisas que quero fazer antes de morrer

Não necessariamente nessa ordem.


1-Comer um monte, sem nenhum pingo de culpa.
2- Escrever um livro bom o suficiente pra ser publicado. (romance, crônicas, poesias, pretextos)
3-Usar um decote até o umbigo (mesmo)
4- Escrever um ponto/oração e ter coragem de divulgar
5-Casar com vestido colorido
6-Vestir minhas madrinhas todas com o mesmo modelo de vestido
7-Aprender a desenhar sem usar bonecos de palitos
8- Ter uma coruja 
9- Ir pro topo de uma pedreira, se possível, toda vestida de branco. (sim, pedreira)
10- Virar professora de dança
11-Deixar de ser manhosa
12- aprender a me calar
13- Ter um "Canino", já que um "Fofo" eu não posso ter.
14- Fazer uma garota extremamente feliz.
15- Fazer um garoto extremamente feliz.
16- Adotar uma criança negra.




sexta-feira, 9 de março de 2012

je ne suis pas. jamais.

mais um dia. mais um dia pela metade da metade da metade.
dor física.choro. incapacidades mentais. incapacidades espirituais. frustração.
mais um dia. mais um dia onde nada é inteiro.
falta de percepção corporal. desejo de vinte quilos a menos.
mais um dia com a falta da exposição dos ossos.
toda aquela gordura que está onde deveria ter só pele.
mais um dia. mais um dia onde nada cabe.
aquilo sobre não entender nada. não conseguir nada.
mais um dia. mais um dia em que a doença é extremamente mais próxima que a cura.
a inveja, a raiva, a cobiça, e todas as pobrezas humanas.
mais um dia. mais um dia em que músicas são apenas zunidos.
o limbo me faz escorregar e não me deixa chegar ao céu.

Acho que entendi o que significa crescer pra baixo.

*todas as veias estouram e o sangue jorra do palco.


quarta-feira, 7 de março de 2012

(want your bad romance)

E seria de fato um romance ruim se insistisse em ser escrito. Teria um monte de defeitos linguísticos, gramaticais e de caráter.
As personagens teriam falhas também, seriam gordos de mais para amar a mocinha da estória, teriam  um pouco de chulé e gostariam mais de cerveja do que se recomenda a um mocinho.
É, na verdade, os mocinhos seriam até meio vilões, escutando punk rock e comendo fast food. A mocinha seria aquela água com açúcar, loira, cabelo comprido e olhos claros, roupa justinha, aquilo entre menina e mulher, jeans e sapatilha, magrinha, que nunca falaria algo como "eu vomitei", porque é claro, ela seria perfeita demais até pra comida fazer mal. 
Não faria sentido dois gordinhos nerds e divertidos brigando pela versão humana da Barbie. Lá pelas tantas eles desistiriam e iriam jogar juntos, depois de longas horas falando sobre Senhor dos Anéis, Skyrim, e personagens de RPG, e ela ficaria ali, na estante, criando poeira, assim como acontece com as Barbies das meninas depois que elas cansam de tentar ser magras e ricas e sortudas e boas em todas as profissões.
Aí a estória teria esse final estranho, com o lado negro se juntando ao lado trouxa da força, e a mocinha sem poderes ou um cinto de utilidades, sem amigos de verdade e sem descobrir o que é country hard core, sempre presa aos brincos brilhantes e esmaltes metalizados.
É, que bom que não escrevi esse romance.

01/03/2012. Consequência qualquer coisa traz.


quinta-feira, 1 de março de 2012

dois pontos

Coisas que gosto.

Pão dormido
nescau quente
unhas pintadas
ler com os pés na parede
filme antigo
pinhão
amores arrebatadores
begônias
chimarrão
Sapatos de verniz
crianças brincando na rua
cantar
doce de abóbora
geada
vestido florido
tulipas
lenços
dormir o dia todo
cálices
correção ortográfica
liberdade de impressão.