segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Sobre perguntas cruéis.

Sabe, estou ficando saturada com esse incrível costume que as pessoas têm de achar que qualquer coisa dita dá a elas o direito de emitir opinião.

Saliento que não sou contra – nem teria como ser – o fato delas terem opinião. Até aí ok, ótimo, pensem o que quiserem. Mas por favor, parem de dar essa opinião, ainda mais se ela for cruel, mesquinha, ou se ela não for agregar em nada.
Conheci meu namorado num domingo, na sexta-feira da mesma semana nós já estávamos namorando. Sim, foram “apenas” 5 dias até começarmos a namorar. Isso já foi motivo suficiente para eu ter que ouvir muita gente, mas muita gente mesmo, perguntando “pra quê a pressa?”, “mas já?”, “mas vocês nem se conhecem direito”, e mais um monte de comentário que eu ouvi, dei um sorrisinho e segurei o palavrão. Uma semana e meia de namoro depois, teve gente me perguntando “vocês já disseram ‘eu te amo’ um pro outro?”. Sim, me fizeram essa pergunta. E sinceramente? A vontade que eu tive foi de responder: “mas se você diz que ama esse namorado encostado e grosseiro que tem, porque eu não posso dizer que amo um cara legal?”. Pensem na crueldade da pergunta. Somos duas pessoas nos relacionando. Se eu sentir que o amo, vou dizer isso com dois dias de relacionamento, com um ano, com 50 anos. E se eu não sentir que o amo, se eu estiver magoada, se eu estiver, sei lá, apática, se eu sentir que ele me agrada, mas que isso não é amor, não vou dizer que o amo e pronto. Nada que sentimos é precipitado ou atrasado. É o que sentimos naquele momento.

Agora o namorado está se preparando para ir viajar. Vai passar uns meses nazeuropa, aí o povo vem de novo dar pitaco: “mas vai dar certo esse namoro longe?”, “mas ele não vai aprontar lá?”, “mas vocês têm só 2 ou 3 meses de namoro! Não é perigoso para a relação?”. Tá, então se ele ficasse por aqui era certeza que ia dar certo? Era certeza que ele não ia aprontar (seja lá o que isso quer dizer)? Se ele ficasse aqui, seria completamente estável pra relação? Novamente, são pessoas se relacionando. Ninguém discutiu comigo e com ele as “regras” do relacionamento. Ninguém sabe meus limites, ou os dele. Ninguém tá pagando a viagem dele, nem o meu aluguel aqui, o que não dá o direito de ninguém duvidar de nada! Poxa, se põe no nosso lugar: começo de namoro, a gente tá sentindo muito em se separar assim, mesmo que por uns meses, porque a gente quer ficar junto! O emocional pega! Mas a gente também sabe que perder uma oportunidade dessas por um namoro que (Deus me livre!) pode não vingar, é muita burrice. A viagem é interessante para o futuro dele enquanto profissional, e também para o meu futuro, já que vai me deixar com mais tempo pra fazer uns cursos que quero, mas que estou protelando pra ficar mais juntinho neste tempo antes da viagem. Sem contar toda a agregação de cultura, de conhecimento que acaba sendo imensa para o casal!

Sabe aqueles papos sobre casar e ter casa e filhos e afins? Então, essa é mais uma coisa que surpreendentemente combinamos. Ambos entendemos que namoro não é só pra passar tempo, e que é o início de uma construção. Ambos queremos ter bastantes crianças. Ambos gostamos de lugar grande, com verde, com espaço para ter cachorro e horta, com espaço para ter 5 filhos. Aí vieram os comentários: “mas porque tanta criança?”, “mas vocês querem mesmo morar em área afastada?”, “mas sabe que é perigoso?”, “mas vocês entendem o gasto?”, “mas vocês não acham que é ruim para o trabalho da Rô, ou longe do trabalho do Dan?”. Não gente, a gente não acha nada disso. É só o que a gente idealiza. Não significa em momento algum que já tenhamos comprado a casa e tido os filhos e tudo aquilo. É o que esperamos conseguir, é o que talvez nem dê certo. E sinceramente? Em momento algum eu vou dizer que “por que mesmo vocês não vão ter filhos?”, “por que mesmo vocês vão morar em apartamento? Olha, deixa o cachorro irritado!”, e eu não vou dizer essas coisas por um motivo simples: EU NÃO TENHO NADA A VER COM ISSO.

Entendam agora, por favor, que vocês também não tem nada a ver com as minhas decisões como pessoa, ou com as nossas decisões como casal. Se quisermos algum conselho, seja ele qual for, nós vamos até vocês, vamos conversar, vamos pedir ajuda. Nós entendemos também que não somos uma ilha, e queremos sim, muita gente legal ajudando na construção dessa vida que estamos tentando ter.  E é por isso que eu peço encarecidamente: parem de dar pitaco, parem de dar sugestões, parem de fazer perguntas cruéis! Queremos gente sincera do nosso lado, queremos gente pra frente, gente que não vê como problemáticas as nossas decisões, gente que entenda que sim, somos todos diferentes. Queremos gente que ache saída pros problemas que temos (“ah, ele vai viajar? Tranquilo! Falem por skype! Ahah”), não que criem problemas inexistentes.
Lindos, esse é um puxão de orelha só pra dizer que queremos, enfim, a ajuda de vocês, o carinho, a compreensão. E, assim que pedirmos, os conselhos e as broncas também serão muito bem vindas!

P.s.: O Dan concorda com tudo o que foi dito, e não, não são só as minhas palavras, e não eu não usei meu jeitinho difícil para fazer com que ele concordasse e não ele não me obrigou a escrever nada. Obrigada, de nada.

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

.Sobre pedras.

Ando aprendendo muito sobre pedras. Pedras preciosas, pedras semipreciosas, pedras de construção...
Para mim, as pedras mais preciosas são as pedras lisas, de fundo de rio. As marrons e as brancas, de preferência.

Elas não têm muito valor comercial, é verdade. Mas as vejo como se fossem a coisa mais incrível do mundo. Têm falhas, não brilham, não enquadram num anel de ouro ou num colar. Têm cara daquilo ali mesmo, de pedra de jardim, de pedra de vaso, de pedra não polida. Têm cara de pedra que não vão quebrar, que vão estar ali, sempre fortes, sempre segurando as barras.

Pedras têm muito a ensinar pra gente. Até as preciosas. Até as que a gente não entende direito como surgiram, com aquela cor tão bonita e tão diferente, ou com cores misturadas.

Aprendi que têm pedras que quando programadas nos curam.Aí você precisa conversar com a pedra. Pedir que ela te entenda. São aquelas pedras que devem andar no nosso bolso, ou na nossa mão, para nos proteger de todo o mal, amém.

Se eu pudesse escolher ser uma pedra, seria um olho de tigre. Aí eu seria marrom, tarjado de dourado. E isso seria perfeito, já que me daria o dom de ser uma pedra mais rústica, e ainda assim bonita aos olhos da sociedade. Hoje eu sou uma pedra dessas de rio. Dessas escorregadias. Dessas que fazem a gente cair. Dessas que têm bastante valor pra quem descoleciona a vida. Pra quem sabe que das verdades do mundo, pedras brutas de rio podem ser mais intrigantes e instigantes que diamantes lapidados.