terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Apenas verdades.

Não sou o que se pode chamar de pessoa palatável.
Não sou mesmo.
Poderia ser mais doce, mais dócil, mais amável.
Mas não sou. Não sou por vários motivos. Deixei de ser tão amável, com 19 anos, na primeira vez que tomei na cara de verdade. Aquele tapa homérico. Depois disso, só venho... endurecendo (talvez não seja uma boa palavra, mas é a que eu sei usar).
Geralmente, me chamam de arrogante, ou dona da verdade, ou qualquer bobagem assim. Realmente não ligo. Não mais. Estou cansada.
Realmente cansada.
Cansada de me vender por tão pouco, cansada de trabalhar pra enriquecer patrão, de não vestir o que quero, ou andar como quero, pra não ofender a sociedade.
Mais ainda!
Acho que estou absurdamente cansada de respeitar e procurar entender a opinião alheia, enquanto grande parte das pessoas apenas me agride, sem procurar me entender.
Não, não é vitimismo. Não é mesmo.
É apenas saudade de coerência. Na verdade, acho que esta introdução toda confusa, é apenas saudade de coerência.
Reclama que a vida é uma droga, que o casamento é uma droga, que a educação dos filhos é uma droga. Não faz absolutamente nada pra melhorar. Me pede conselho, me pede receita, me pede axé, dou isso tudo até onde me cabe, aí vai lá, faz tudo ao contrário, ou pior, não faz nada... E continua no mesmo pé que estava antes...
Mudar dói. Não é fácil, não é gostoso, não é sorvete de morango. Incomoda. Irrita. Afasta pessoas. Mas é assim que tem que ser. E é assim que tem que ser, porque só sendo muito medíocre mesmo pra querer ficar no mesmo lugar para sempre.
Agora tenho ficado cada vez mais quieta, e só vou responder, ou interagir, quando realmente sentir vontade, necessidade, até. Gastar energia pra tentar ajudar quem não quer sair do lugar, não mais. Não de novo. Não ainda.
Um querido amigo, de muita sabedoria e muita luz, disse uns dias atrás: "às vezes, ser bom não é fazer o bem", e explicou: "Quando se faz o bem pensando no outro, ajudando, correndo atrás pelo outro, se doando, não é necessariamente ser bom. Fazer o bem, às vezes, é deixar que o outro sofra, que aprenda sozinho, que se perceba, que perceba os próprios erros. Cada um tem seu próprio caminho evolutivo, e seus próprios erros e acertos para superar." E é isso. Me limito, cada vez mais, nas minhas palavras. Me incomodo, cada vez mais, com meus próprios problemas, que não são grandes nem pequenos, mas são meus. Egoísmo?  Não. amor-próprio, e diga-se de passagem, auto-preservação.

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Me sinto tão, me sinto só, me sinto tão teu. ♥

Voe por todo mar, e volte aqui...
Voe por todo mar, e volte aqui...
Pro meu peito.

Se você for, vou te esperar
Meu pensamento que só fica em você
Aquele dia, um algo mais
Algo que eu não poderia prever.

Você passou perto de mim
Sem que eu pudesse entender
Levou os meus sentidos todos pra você

Mudou a minha vida, e mais...
Pedi ao vento pra trazer você aqui
Morando nos meus sonhos e na minha memória
Pedi ao vento pra trazer você pra mim

Mudou a minha vida e mais
Pedi ao vento pra trazer você aqui
Morando nos meus sonhos e na minha memória
Pedi ao vento pra trazer você pra mim

Vento traz você de novo
Vento faz do meu mundo novo
E voe por todo o mar e volte aqui...
E voe por todo mar, e volte aqui...
Pro meu peito...

Hoje faz dois meses e uma vida que ele foi pra tão longe, levando consigo tantas coisas minhas... Mas me presenteando com coisas mais incríveis do que as que levou.

"Tudo o que eu quero é você de volta! Estou te esperando vem bater na minha porta!"

sábado, 9 de novembro de 2013

Minha melhor incerteza é você.

E ele me abraçou, e me mostrou tanta coisa que eu esperei tanto tempo pra ver. Me tirou o ar.
Me beijou, me fez esquecer, me fez lembrar, me fez sentir.
Me machucou. Saiu de perto de mim como se fosse nada.
Voltou sorrindo, o descarado.
Me abraçou de novo, me sorriu, me pediu desculpas.

Sumiu de novo. Cretino.

Acordei indignada. Saudade é veneno.



sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Eu tenho sede demais.

Então deixa eu te beijar
Até você sentir vontade de tirar a roupa.

Deixa acompanhar esse instinto de aventura e de menina solta.


Deixa a minha estrela orbitar
E brilhar no céu da sua boca.


Deixa eu te mostrar
Que a vida pode ser melhor

(Mesmo sendo tão louca).



segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Ela disse adeus, e chorou.

O meu sentimento sincero é confusão. Penso que a confusão nunca saiu de dentro de mim. Esse o grande problema do livre-arbítrio. Poder escolher coisas, é na verdade, o pior dos castigos. Mesmo pensando no crescimento e na evolução de cada espírito, o que a gente vive, por livre escolha, é um grande fardo.

Meu potencial criador é grande, e eu tenho força para realizar tudo o que quero, e caramba, eu SEI disso. Sei mesmo, sem reservas ou falsos moralismos. O problema é: como. Os meios me faltam. Eu simplesmente não sei por onde começar. Ter saído de casa “cedo” e me ferrado no esquema “vender o almoço pra comprar a janta” me fez encavalar muitas coisas. Neste momento da minha vida tudo é absurdamente turvo. Picos de felicidade extrema por realizações bacanas com caídas sem fim por conta dos medos enormes que me desestabilizam. “Do céu ao inferno” é realmente o que tem acontecido comigo. Sinto-me uma grande porcaria de uma metade (de nada).

Nem enquadraria isso como autopiedade porque não tenho dó de mim. Não tenho dó da minha obrigação de escolher coisas. De dar passos. Só me sinto completamente perdida. Ou pior, eu até tenho um roteiro, só não tenho de onde sair. Isso porque é o esquema da música do Gabriel Pensador: “aquilo que o mundo me pede, não é o que o mundo me dá”. E basicamente, preciso de dinheiro pra fazer os cursos que quero fazer, mas também preciso fazer os cursos para ganhar dinheiro. É um ciclo estranho, que leva a dívidas para depois levar ao desafogamento. Mas, e se fosse o contrário e o conhecimento fosse gratuito? Sou a favor do capitalismo quando ele funciona. Quando todo mundo realmente tem e gasta dinheiro (assim como o socialismo é lindo também, quando funciona. E o comunismo, e o anarquismo...). Viu só como a liberdade de escolha se torna um fardo? Pela liberdade de escolha vários grupos criaram o governo ideal, e todos eles funcionariam super bem. Mas aí tem também que um dos grupos é mais forte que o outro, e vivemos nesta zona, onde nenhum dos governos estabelecidos funciona corretamente.

Estou cansada e descrente. Descrente do meu potencial, descrente do potencial do mundo. Verdadeiramente cansada de ser a lutadora, de ser a guerreira forte, de ser o espírito que se renova e se lasca e se contorce todo pra evoluir. Aí eu me imponho bloqueios e me imponho regras e limites e me fecho numa mesmice descarada. Num nada. Me assusto quando vejo que consigo ir à diante e agora sim percebo que sou exatamente a pessoa que eu repudiava. Sou o eu “careta e covarde” para quem Cazuza cantava no Blues da Piedade, e realmente vivo contando dinheiro sem mudar quando é lua cheia.

Nem sempre eu fui assim. Nem sempre me sinto assim. Mas estes dias têm sido especialmente difíceis e dolorosos. O pior é que paro pra pensar e percebo que o Criador, o Deus-Pai, Olorum como prefiro chamar, sempre me provê o essencial e quase sempre o supérfluo também, e que graças a Ele nunca me faltou nada financeira, física, materialmente. A grande reclamação, na verdade, é só essa sensação de impossibilidade, de nunca estar satisfeita, de nunca estar plena. Seu Flecha Noturna disse uma vez que eu sou uma “guerreira forte” e que “guerreiros fortes fazem caçada longe, porque quando a caçada é fácil, guerreiro não se sente satisfeito”. Penso que minha “caçada” está sendo tão tortuosa e tão complicada e tão visceral que quando eu chegar ao fim dela serei o espírito mais satisfeito do mundo. O mais feliz deles.


sexta-feira, 4 de outubro de 2013

à procura pela cura da loucura quem tiver cabeça dura vai morrer na praia.

Anonimato me faz pensar em teorias da conspiração tão tremendamente plenas que me excitam, essa é grande verdade.

"Você não me vê não, mas eu vejo você." diria a sábia Rita Lee. E falando nela, lembrei que "pra fazer barulho, eu mesma faço".

Um excelente final de semana, e de vida, essas coisas.


quarta-feira, 4 de setembro de 2013

sobre o amor, e não existir.

"Rô, eu te amo. 
                                    Quero gritar isso pra você u.u 

E depois sussurrar o mesmo, e pedir desculpas pelo escândalo mas dizer que eu precisava mesmo era gritar aquilo."

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Sobre perguntas cruéis.

Sabe, estou ficando saturada com esse incrível costume que as pessoas têm de achar que qualquer coisa dita dá a elas o direito de emitir opinião.

Saliento que não sou contra – nem teria como ser – o fato delas terem opinião. Até aí ok, ótimo, pensem o que quiserem. Mas por favor, parem de dar essa opinião, ainda mais se ela for cruel, mesquinha, ou se ela não for agregar em nada.
Conheci meu namorado num domingo, na sexta-feira da mesma semana nós já estávamos namorando. Sim, foram “apenas” 5 dias até começarmos a namorar. Isso já foi motivo suficiente para eu ter que ouvir muita gente, mas muita gente mesmo, perguntando “pra quê a pressa?”, “mas já?”, “mas vocês nem se conhecem direito”, e mais um monte de comentário que eu ouvi, dei um sorrisinho e segurei o palavrão. Uma semana e meia de namoro depois, teve gente me perguntando “vocês já disseram ‘eu te amo’ um pro outro?”. Sim, me fizeram essa pergunta. E sinceramente? A vontade que eu tive foi de responder: “mas se você diz que ama esse namorado encostado e grosseiro que tem, porque eu não posso dizer que amo um cara legal?”. Pensem na crueldade da pergunta. Somos duas pessoas nos relacionando. Se eu sentir que o amo, vou dizer isso com dois dias de relacionamento, com um ano, com 50 anos. E se eu não sentir que o amo, se eu estiver magoada, se eu estiver, sei lá, apática, se eu sentir que ele me agrada, mas que isso não é amor, não vou dizer que o amo e pronto. Nada que sentimos é precipitado ou atrasado. É o que sentimos naquele momento.

Agora o namorado está se preparando para ir viajar. Vai passar uns meses nazeuropa, aí o povo vem de novo dar pitaco: “mas vai dar certo esse namoro longe?”, “mas ele não vai aprontar lá?”, “mas vocês têm só 2 ou 3 meses de namoro! Não é perigoso para a relação?”. Tá, então se ele ficasse por aqui era certeza que ia dar certo? Era certeza que ele não ia aprontar (seja lá o que isso quer dizer)? Se ele ficasse aqui, seria completamente estável pra relação? Novamente, são pessoas se relacionando. Ninguém discutiu comigo e com ele as “regras” do relacionamento. Ninguém sabe meus limites, ou os dele. Ninguém tá pagando a viagem dele, nem o meu aluguel aqui, o que não dá o direito de ninguém duvidar de nada! Poxa, se põe no nosso lugar: começo de namoro, a gente tá sentindo muito em se separar assim, mesmo que por uns meses, porque a gente quer ficar junto! O emocional pega! Mas a gente também sabe que perder uma oportunidade dessas por um namoro que (Deus me livre!) pode não vingar, é muita burrice. A viagem é interessante para o futuro dele enquanto profissional, e também para o meu futuro, já que vai me deixar com mais tempo pra fazer uns cursos que quero, mas que estou protelando pra ficar mais juntinho neste tempo antes da viagem. Sem contar toda a agregação de cultura, de conhecimento que acaba sendo imensa para o casal!

Sabe aqueles papos sobre casar e ter casa e filhos e afins? Então, essa é mais uma coisa que surpreendentemente combinamos. Ambos entendemos que namoro não é só pra passar tempo, e que é o início de uma construção. Ambos queremos ter bastantes crianças. Ambos gostamos de lugar grande, com verde, com espaço para ter cachorro e horta, com espaço para ter 5 filhos. Aí vieram os comentários: “mas porque tanta criança?”, “mas vocês querem mesmo morar em área afastada?”, “mas sabe que é perigoso?”, “mas vocês entendem o gasto?”, “mas vocês não acham que é ruim para o trabalho da Rô, ou longe do trabalho do Dan?”. Não gente, a gente não acha nada disso. É só o que a gente idealiza. Não significa em momento algum que já tenhamos comprado a casa e tido os filhos e tudo aquilo. É o que esperamos conseguir, é o que talvez nem dê certo. E sinceramente? Em momento algum eu vou dizer que “por que mesmo vocês não vão ter filhos?”, “por que mesmo vocês vão morar em apartamento? Olha, deixa o cachorro irritado!”, e eu não vou dizer essas coisas por um motivo simples: EU NÃO TENHO NADA A VER COM ISSO.

Entendam agora, por favor, que vocês também não tem nada a ver com as minhas decisões como pessoa, ou com as nossas decisões como casal. Se quisermos algum conselho, seja ele qual for, nós vamos até vocês, vamos conversar, vamos pedir ajuda. Nós entendemos também que não somos uma ilha, e queremos sim, muita gente legal ajudando na construção dessa vida que estamos tentando ter.  E é por isso que eu peço encarecidamente: parem de dar pitaco, parem de dar sugestões, parem de fazer perguntas cruéis! Queremos gente sincera do nosso lado, queremos gente pra frente, gente que não vê como problemáticas as nossas decisões, gente que entenda que sim, somos todos diferentes. Queremos gente que ache saída pros problemas que temos (“ah, ele vai viajar? Tranquilo! Falem por skype! Ahah”), não que criem problemas inexistentes.
Lindos, esse é um puxão de orelha só pra dizer que queremos, enfim, a ajuda de vocês, o carinho, a compreensão. E, assim que pedirmos, os conselhos e as broncas também serão muito bem vindas!

P.s.: O Dan concorda com tudo o que foi dito, e não, não são só as minhas palavras, e não eu não usei meu jeitinho difícil para fazer com que ele concordasse e não ele não me obrigou a escrever nada. Obrigada, de nada.

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

.Sobre pedras.

Ando aprendendo muito sobre pedras. Pedras preciosas, pedras semipreciosas, pedras de construção...
Para mim, as pedras mais preciosas são as pedras lisas, de fundo de rio. As marrons e as brancas, de preferência.

Elas não têm muito valor comercial, é verdade. Mas as vejo como se fossem a coisa mais incrível do mundo. Têm falhas, não brilham, não enquadram num anel de ouro ou num colar. Têm cara daquilo ali mesmo, de pedra de jardim, de pedra de vaso, de pedra não polida. Têm cara de pedra que não vão quebrar, que vão estar ali, sempre fortes, sempre segurando as barras.

Pedras têm muito a ensinar pra gente. Até as preciosas. Até as que a gente não entende direito como surgiram, com aquela cor tão bonita e tão diferente, ou com cores misturadas.

Aprendi que têm pedras que quando programadas nos curam.Aí você precisa conversar com a pedra. Pedir que ela te entenda. São aquelas pedras que devem andar no nosso bolso, ou na nossa mão, para nos proteger de todo o mal, amém.

Se eu pudesse escolher ser uma pedra, seria um olho de tigre. Aí eu seria marrom, tarjado de dourado. E isso seria perfeito, já que me daria o dom de ser uma pedra mais rústica, e ainda assim bonita aos olhos da sociedade. Hoje eu sou uma pedra dessas de rio. Dessas escorregadias. Dessas que fazem a gente cair. Dessas que têm bastante valor pra quem descoleciona a vida. Pra quem sabe que das verdades do mundo, pedras brutas de rio podem ser mais intrigantes e instigantes que diamantes lapidados.

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Galera que Fortalece

     Acabei de chegar em casa. Tô molhada, tô eufórica. Tô cansada e com frio. Mas acima de qualquer coisa, estou feliz.

     Hoje eu posso dizer que agreguei. Agreguei coisas na minha vida, e coisas na vida de um monte de gente. Tá um frio gigantesco em Curitiba, saí de casa com 5° na rua. Mas eu tenho casa. Eu tenho coberta quentinha, eu tenho chuveiro quentinho, eu tenho Toddy quentinho. À tarde fizeram uma campanha no facebook pedindo cobertores e agasalhos pra distribuir para a população em situação de rua. Eu já havia me desfeito de roupas no começo do inverno, e só me sobrava um cobertor em casa. Olhei as gavetas e percebi que também tinha um tênis que estava sem usar. Feito: coloquei numa sacola e levei pra praça Tiradentes, um dos locais onde a quantidade de drogados e mendigos é grande.

      Cheguei e tinha uma galera lá, agregando. Recebendo, entregando e separando roupas - roupas boas, de marca, de grife, de corte bonito - para entregar para quem precisava. Deixei a sacola e fui ajudar a galera com a entrega das coisas. Logo começaram a chegar os 'dingos, e de início eu estava tranquila, mas logo chegaram muitos, e fiquei com medo de que furtassem meu celular, de que pegassem algo, sei lá (até porquê, alguns eram drogados, e estavam mais agressivos).

       Depois de uns 15 minutos, tomei vergonha na cara, engoli meu preconceito, e me deixei levar. Fazia uma piada com quase todo mundo que vinha falar comigo, chamava de "gato" e "gata" os 'dingos que vinha dizer "moça, na humildade, tem uma brusa quente, uma jaqueta? é pa mim, é pa minha esposa também" (adendo: eles dizem "esposa" mesmo. achei uma graça). Aí eu já perguntava se queria uma calça, se tinha uma meia, se tinha onde dormir, e quando eles me ouviam, dizia pra eles irem dormir no abrigo, principalmente amanhã, já que a máxima prevista é 4°. Uns riam, outros diziam que nem sabiam que existia lugar pra dormir.

         O que me chamou bastante atenção, é que na maioria, eles falavam muito baixo, como se tivessem vergonha de falar com qualquer um de nós ali, e chegavam fazendo cara de desespero, pedindo "na humildade". Olha que tapa nessa minha cara soberba... Nós, nós com acesso à internet, nós com cama quente, nós com faculdade, nós não chegamos "na humildade". Nós chegamos em qualquer lugar com a sensação do Rei na Barriga, com a ideia de superioridade, com essa droga de Ego subindo em cima de qualquer um. E o pessoal em situação de rua ali, ensinando que é "na humildade" que a gente consegue as coisas. Seja um cobertor, seja um sorriso, seja um chazinho. Ah, quero contar que quando eles falavam muito baixo, ou com muita vergonha, eu fazia logo uma piada, gesticulava largo, dançava, só pra eles rirem e perceberem que não precisa ficar implorando por algo que é direito deles. Ah, o que é direito? Isso que a gente ignora. Direito de comer, direito de vestir roupa boa. Em momento algum nós devemos nos colocar em um patamar acima deles, e o motivo é simples: Eles somos nós. Conceito difícil, eu sei, mas verdadeiro. Eles são o que a gente é. A gente sente fome, a gente sente frio, a gente sente medo de gente "maior" que a gente.

         Um dos moradores em situação de rua veio conversar comigo, pedindo um sapato quente pra que ele pudesse trabalhar, sim, porque ele trabalhava. Me mostrou o cartão-ponto dele, de "segurança" de estações Tubo. Me explicou que ele está na rua por um tempo, mas que assim que der, aluga um quarto, porque agora tem salário. Essa conversa me deixou tão satisfeita! Essa conversa me mostrou que tem gente que tá na rua pela malandragem, pelos vícios, mas que também tem gente que  tá na rua porque a vida deu uma invertida. Acontece com todos nós.
         A galera que tava fortalecendo a entrega das roupas e cobertores parecia realmente uma grande família. Sabe aquelas festas e aniversário da avó que a gente vê os primos distantes e de repente agrega todo mundo, pra não ficar ninguém sozinho, pra ajudar a arrumar tudo? Então, me senti assim. Pessoalmente não conhecia ninguém - ninguém mesmo - que estava lá; vi o evento no face e fui, bem linda. Logo todo mundo já era meu amigo de infância, e logo todos se ajudavam, pra gente poder agregar aos que estavam ganhando os presentes.

         A sensação é boa, a sensação é de ter crescido muito essa noite. Estou grata, extremamente grata por ter tido coragem de sair da minha zona de conforto e ter ido tomar chuva, sentir medo, sentir alegria, sentir o carinho todo que senti na rua hoje.

Nota: Não sei se perceberam, mas em momento algum eu disse que eu fiz uma doação, ou que ajudei os cidadãos em situação de rua. E não disse isso porque não me senti ajudando os cidadãos de rua, nem doando nada. Não me sinto fazendo caridade, nem comprando minha vaguinha no céu. Me sinto humana. Humanizada. Repartir o que eu tinha (nesse caso, era somente meu tempo) com um igual foi tão completo. Ver a moça que saiu toda feliz porque tinha bota combinando com o casaco, e com o cachecol, e com a blusa, foi como se eu tivesse presenteado minha própria irmã (alguém que amo muito). Foi tão importante esse momento, que reiterei minha vontade de trabalhar agregando com as pessoas. Sim, porque quando a gente vai pra rua, pra um abrigo, a gente não ajuda (afinal, quem somos nós pra ajudar? por favor), a gente agrega. Agrega ideia, agrega sentimento, agrega comportamento, agrega experiência. Boçal demais pensar que ajudei alguém só porque dei roupa e comida. Boçal demais. Mas posso dizer, sem dúvidas, que fui ajudada. Fui ajudada a encontrar o que me deixa mais feliz, fui ajudada a gastar meu tempo com algo a mais do que livros ou internet. Ganhei mais do que eles, na verdade.

P.s.: Desculpa se as ideias estão emboladas, ou se algo realmente não fez sentido, mas preferi escrever sem pensar muito, aí quem sabe vocês sintam como eu me sinto. E no mais, coragem, porque sair da zona de conforto dói, mas é incrível.

sexta-feira, 5 de julho de 2013

.Tem que morrer pra germinar.

E a vontade de ser possuído pela vontade de ser possuído?

Aquela tigresa de unhas negras guardava em si muito mais que íris cor de mel, guardava toda a vida e a morte dentro daqueles olhos, daquela boca, daquele término sem sentido. Sem sentido pra mim, que era mortal.

Era, porque agora ela me revive, me eterniza, me amplia e digladia com minha mente.
Brinca de sorrisos infantis e olhares de mulher feita, cigana dissimulada. Me complica a vida, me destrava, me destrói.

Me fascina com o tom displicente de quem sabe que sabe. Vadia, malandra, pirata, piranha. Uma mulher em mil, mil mulheres em uma. Uma mulher em mim.

Aquele grão de nada, tão nada que desconstrói o que todo dia eu faço igual.

O possessivo me exalta.

terça-feira, 28 de maio de 2013

Sem ela. Para Ela.

E era tudo tão incompleto que ela não sabia quem era ela. E ela não sabia o que sentia, e ela não sentia e ela era toda torta, toda errada, toda completamente apaixonada por todos os amores impossíveis.

E ela era eu.
De todas as pessoas que ela poderia ser, ela era eu. Só eu. De todos os amores que poderia sentir, ela só sentia os meus. De tudo o que poderia querer, queria o que eu queria.

E o que eu queria, você se pergunta.

Eu queria o amplo. O todo. Tudo. O mais profundo, o mais arrebatador, o mais íntimo, o maior.
Eu queria o errado, o certo, o que mudava de lugar, o que dançava, o que sentia, o que girava e desenhava e gritava e tinha cara de pertencer ao nada. Assim como eu, que me pertencia, pra não precisar pertencer à ninguém.

Ela eu não sei o que queria. Vai ver, ela era eu.


terça-feira, 30 de abril de 2013

38 milímetros.


Quem poderia imaginar o que se passava por trás daqueles óculos com aros brancos?
Aqueles óculos eram estranhos, tão amplos que lhe cobriam quase todo o rosto tão pequeno e tão manchado de sardas...

Era morena e tinha sardas. Os olhos eram grandes, ou imagino que eram, porque se não fossem, não lhe caberiam óculos tão absurdamente grandes. Então lhe imaginei olhos grandes, vivos e marrons, com formato amendoado, porque lhe cairia bem com o cabelo escuro.

Era um cabelo bem escuro, e despretensiosamente preso num coque; meio preso, meio solto. A franja caia pela frente da lente direita do enorme óculos branco.

Ela, parada ali no meio do mundo, tinha sua parcela de culpa: me chamava a atenção. Não sei porque ela fazia isso. Nunca fiz nada pra ela. O jeans azul, a camiseta preta e larga, o quase sorriso. Ela só estava parada ali, a megera. Cínica, olhando o mundo com aqueles olhos enormes e marrons escondidos pela lente verde daquele maldito óculos branco. Parada ali, com a mão na alça da bolsa, esquecendo todo o mal do mundo, me usando, a maldita.

Quis lhe estapear, correr até lá ela e meter-lhe a mão na cara, empurrar, chutar, sei lá, qualquer coisa que que fizesse aquela vaca se mexer e parar de mexer comigo. Três segundos ou três dias inteiros se passaram e ela ali, intacta. Comecei a imaginar pra ela todos os defeitos do mundo. Imaginei que ela vomitava pra emagrecer, que não transava porque era frígida, que não comia carne, que não fumava, que não conhecia nada de cinema nem sabia ler em inglês. Projetei na desgraçada todas as minhas frustrações, meus desejos perdidos, minhas manias sem lei, meus resumos inacabados.

Então a filha da puta sorri. De tudo o que a bruxa poderia fazer, ela sorri.

Quem aquele demônio pensa que é? Quem deixou que me encantasse desse jeito a maldita sangue-ruim?

Não resisti. Dei-lhe três tiros no peito. Foi pro chão a peste; os óculos brancos pro lado, a bolsa pro outro. 
O sangue escorrendo em volta deixou-a ainda mais bonita.

Morreu sorrindo, a ingrata.

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Mamães e Papais.


Ou as mães estão cada vez mais desinformadas, ou mais relapsas, não pode ser.

O bebê mal tem dois meses, e já estão socando cházinhos nele. Gente, é ÓBVIO que ele vai tomar. Se vc colocar caldo de feijão na mamadeira, ele toma. Se colocar caldo de carne, ele toma também, com a mesma carinha feliz. O problema é que ele não tem estômago pra isso. Ele ainda tá em formação. Os órgãos dele NÃO ESTÃO PREPARADOS pra chazinho, papinha e essas bobagens. Dê o peito pra ele. Só o peito. Ele NÃO PRECISA de mais nada. 

Mãe, o seu leite é gordo, é rico em proteína, é rico em todos os nutrientes que o bebê precisa!

Isso vale para os nenéns maiorzinhos, que são entupidos de danoninho. Danoninho, mãe, é QUEIJO e não LEITE. E até os dois anos de idade, ele não tem fígado pronto pra processar queijo! Poxa vida.

As coisas evoluíram tanto, que é até pecado olhar pras mães que usam fralda de pano, e achar que elas são retrógradas. Retrógrada é vc, que usa fralda de plástico, que não deixa e pele do bebê respirar, que usa um monte de pomada que não seria necessária se a fralda não aquecesse tanto. TODOS os dias você lava a roupa do neném, qual o problema de lavar fraldas? Xixi, cocô, vômito e td aquela coisa passam pra roupinha do mesmo jeito. Mas qndo se fala em fralda de pano... "ai que nojo".

Sério, pesquisem mais, leiam mais, se interessem mais pela criação mais consciente dos filhos e filhas de vocês. Parem com os ciclos "descartáveis" ou de colocar os bebês nos carrinhos, ou bebê-conforto (que prejudica o desenvolvimento e a coordenação motora do bebê, já q foi feito APENAS para transportar o bebê no carro), ou mesmo de inserir alimentos DESNECESSÁRIOS nos filhxs de vcs!

Informação sobre criação, vocês têm de monte. Falta filtrar, e principalmente, pôr em prática.





segunda-feira, 8 de abril de 2013

segunda-feira, 18 de março de 2013

Segunda-feira.


E essa cerveja choca que já não choca mais nada
Nessa sua cabeça oca que não é mais tão louca e tão precipitada
Oremos e oremos e oremos pela sua vida tão sem fé sem cor e sem fadas
Dancemos e cantemos e blasfememos pela sua falta de brasas.

Que o leito em que dormes seja transmutado
E que acorde do outro lado
E que estejas extasiado
Com a vida sem agrados.

Nua e crua a verdade que existe
Tão lúcida quanto jamais fostes
Tão ríspida quanto a mentira que insiste

Em versos quebrados que não fazem sentido
Nesse lixo, nessa merda
Dessa cabeça oca, choca, sem graça, sem libido.

*Nessa hora o pastor caí em cima do cajado, jorra sangue em cima dos espectadores, e Dríades cantam a glória do cristianismo, neo-pagão.*


segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

tic, tac. Tic. Tac. TIQUETAQUE, tic, tac

o meu coração bate forte bate rápido bate muito bate descompassado bate todo torto como deveria ser o meu coração bate muito bate com raiva bate com amor bate com dor bate sorrindo bate todo cheio de sangue bate todo cheio de sêmen bate com ânsia bate bate bate bate bate bate bate bate tanto que nunca apanha bate tanto que esquece que apanhou bate tanto que esquece que se bater demais

desanda.


terça-feira, 22 de janeiro de 2013

O mais profundo de todos.

ok. Chegou a hora.
A hora em que eu precisava escrever sobre aquilo que eu nunca tive certeza, mas sempre achei que sabia: minha sexualidade.

Hoje (leve em conta que eu tenho 24 anos) eu tive certeza de que não sou transgênero. Não sou mesmo, nasci no corpo certo, mas com a sexualidade errada. Quando as pessoas perguntam: "mas você é bi?" a primeira coisa que penso - e geralmente respondo - é: "não, eu sou assexuada." Porque é realmente assim que me sinto. A parte mais tensa pra mim, estando viva, é exatamente essa. Não acho... justa (?) a necessidade que boa parte de nós (inclusive eu) temos de estar com alguém, de estarmos sexualmente satisfeitos inclusive, pq eu não estou. E não estou satisfeita porque REALMENTE não sei o que quero pra mim. Tudo indica que está reservado um homem pra mim, um homem que me fará filhos - sejam eles biológicos ou adotados, tanto faz, que me dará status de senhora casada e tudo aquilo que o patriarcado prega. Mas por outro lado, poxa vida, o GRANDE amor da minha vida foi uma mulher. A garota mais linda que eu vi na vida. O melhor beijo, o melhor encaixe. E eu deixei ela sair da minha vida, pq alguma coisa me disse que "rô, vc é hétero e isso é uma fase". Só que essa fase não passou. E eu não me entendo como bissexual. REALMENTE não me entendo. Não me sinto confortável nem com homem, nem com mulher. 

Sinto vontade de me encontrar em algum rótulo, pq não é fácil estar o tempo todo sem saber o que quer. E não, bissexualidade não é um termo grande o suficiente pra mim. Não me encaixo nele. Simplesmente não sou bissexual. Mas também não sou hétero. Quanto menos homo. Acho que a maior verdade, e o termo que mais me enquadra, é de assexuada. 

Assexuado: Aquele que não tem atração pelo mesmo sexo, ou pelo sexo oposto. 

Porque é realmente assim que me sinto. Me atraio por pessoas, e por coisas, e por ideias, e por ideais. Não gosto da parte do contato físico. Talvez seja porque passei por dois estupros, um deles em janeiro do ano passado, e só agora sinto conforto pra comentar, talvez seja porque eu sou assim mesmo, sei lá. 

Tudo está em desacordo. 

Eu não gosto de me vestir de mulher, não gosto de estar de jeans justo, não gosto de usar decote, não gosto de maquiagem. Por outro lado, eu sei que tenho olhos e olhares...profundos demais pra um garoto, que às vezes não condizem com jeans largo e camiseta. Ainda há que queria ser bonita como as meninas bonitas, andar de salto, acordar princesa, essas coisas que por mais que eu viva 24 anos como mulher ainda não sei fazer. Hoje me peguei orando, e nessa oração eu pedia que  Deus me desse um cara bem legal, pra dividir tudo comigo, e pra ser meu tanto qnto eu seria dele, só que antes dele aparecer, que Deus me mandasse uma garota que me fizesse sentir bem, que me fizesse feliz. 

Tudo prossegue em desacordo. 

Minha sexualidade é uma zona, e meu gênero também. Me sinto completamente perdida sobre como agir. E queria desabafar, pq isso tem me deixado doente. 


*eu realmente queria comentários nesse texto, que foi escrito com mais lágrimas que caracteres. E parem de ler meus textos e comentarem apenas no face, poxa.