segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Tal qual Narciso, que se quebra dando sete tipos de azar.

Desejo.

Eu penso nele, e tudo toma forma. A necessidade toma forma, o amor toma forma, a vontade toma forma. O intangível, se tange.

E eu penso nele. Na beleza, na dor, no amor, no incomensurável, no êxtase, na Santa Teresa, no Marlon Brando.

Eu olho pra ele. Olho tudo aquilo, tão grande, tão inexorável, tão impositivo, tão imponente, tão impossível de segurar com duas mãos abertas. Com todas as mãos abertas. Com o peito aberto. Com a blusa aberta.

E eu olho pra ele. E o mais íntimo se concretiza. E o terno é eterno. E terno. E doce. E amável. E inteiro. 

E o instante se torna fugaz. E acaba. E se eu pisco já não existe.

A loucura bate à porta e finda o ato, no tom branco das barbas brancas, do nariz torto, do óculos com a metade daquela que brilha à noite, quando o sol já não é.

Ojesed.

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

"Eu só verso e sou reverso"

(antes de ler o texto, click no link, a música diz praticamente o que quero dizer enquanto não digo. https://www.youtube.com/watch?v=-logalWwJ88)

Há tempo pra tudo. Inclusive há tempo pra dor. Estou no tempo dela.
Isso de fato não é ruim, é incomodo, chato, cansativo, mas não é ruim. E não é ruim porque ensina.
"ah rô, que fácil falar que dor ensina, tenso é aprender alguma coisa." Aí, deveras há algum tipo de razão. Enquanto dói é mesmo difícil de aprender qualquer coisa.  Mas essa é a graça do jogo, a dificuldade.
Uma vez eu estava jogando truco com meus tios e meu pai, e tinha milagrosamente o gato e o copas, sem pestanejar, pedi truco. Meu pai, que jogava contra mim, deu uma risada gostosa e disse: "filha, você acaba de mostrar que tem carta, com essa confiança toda. Agora a gente não pode nem aceitar, porque perdeu a surpresa, não tem graça."

E aí o que fica é que podemos realmente passar pela dor apenas praguejando, ou passamos pela dor aprendendo um monte coisas. Por exemplo, podemos aprender o que exatamente dói, por que dói, o que faria parar de doer, podemos acabar com as respostas cíclicas e acharmos novas respostas e novos problemas e novos pontos de vista.

É isso. Tudo ensina, a dor, a alegria, o amor, o desamor, o despertencer. E a grandeza do Livre Arbítrio está ai, em escolher aprender.