sexta-feira, 30 de setembro de 2011

e se não fosse assim, como seria?

Sou intensidade.
Sou amor, Sou muito amor. 
Sou Perdão. Sou toda Perdão.
Sou aquelas vezes em que um abraço acaba com a mágoa.
Sou daquelas que prefere um sorriso em meio ao choro, do que não chorar.
Sou aquela que sente. 
Que sofre.
Que vive à flor da pele. 
Que grita, que briga, que se chateia, que se indigna, que vai até o limite.
Aí para. 
Sou aquela que não lida bem com falta de respeito
Mas que lida menos ainda, com sentimentos escondidos.
Se fora pra ser pouco, não venha.
Se for pra começar sabendo o fim, pra quê então brincar disso?
Se é pra ser pela metade, que não seja.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Num dia assim, meio besta.

Quando eu era criança -porque pequena ainda sou- tinha uma coisa que eu adorava ver, e principalmente dizer, era que o sol ia dormir no final da minha rua. Até hoje, quando vou pra casa dos meus pais, fico meio boba olhando comprido o sol que tá indo dormir, deixando o céu laranjado, lilás e vermelho (não nessa ordem), pra noite poder dormir pra gente ver. Porque é assim, o Sol faz a gente acordar, aí ele cansa e vai dormir, então, a noite vem dormir com a gente, que é pra não termos medo de ficar sozinhos no escuro...





Namorados
O rapaz chegou-se para junto da moça e disse:
-Antônia, ainda não me acostumei com o seu corpo, com sua cara.
A moça olhou de lado e esperou.
-Você não sabe quando a gente é criança e de repente vê uma lagarta listrada?
A moça se lembrava:
-A gente fica olhando...
A meninice brincou de novo nos olhos dela.
O rapaz prosseguiu com muita doçura:
-Antônia, você parece uma lagarta listrada.
A moça arregalou os olhos, fez exclamações.
O rapaz concluiu:
-Antônia, você é engraçada! Você parece louca.
Manoel  Bandeira








"
A maior riqueza do homem

é a sua incompletude.
Nesse ponto sou abastado.
Palavras que me aceitam como
sou - eu não aceito.
Não aguento ser apenas um
sujeito que abre
portas, que puxa válvulas,
que olha o relógio, que
compra pão às 6 horas da tarde,
                                   que vai lá fora,
                                        que aponta lápis,
                                              que vê a uva etc. etc.
                                              Perdoai
                                              Mas eu preciso ser Outros.
                                              Eu penso renovar o homem
                                              usando borboletas."

                                       .Manoel de Barros.


Amém, por hoje é isso. Amplexos fraternos. 

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

roubei, roubei mesmo.

Ví um texto de um amigo, e não tive coragem de não publicar aqui. Ele escreve muito bem. Sério, senti inveja e vontade de arrancar-lhe o baço quando li dois de seus textos. Sem mais, eis o texto, sem título, como convém.

"Mais um fim de semana “off life”. Antes eu ficava intrigado de tanto ver pessoas fúteis plagiando Raul Seixas em redes sociais dizendo “pare o mundo que eu quero descer”, mas percebi que elas nem conhecem todas as paradas.
Dessa vez, o rumo foi Antonina, lugar onde a política funciona: Bichos mandam, pessoas (vulgo invasores) obedecem. Hospedando os amigos, inclusive eu, um perspicaz garoto imberbe carinhosamente denominado pelos mais chegados de drovibagus e sua família. Deixando de lado a parte da compostura poética da escrita, um fim de semana massa em um lugar tezão com amigos legais. Acredito que seja uma das melhores saídas das inúmeras tentativas de esquecer ao menos por algumas horas, um determinado monstro que me consome lentamente, e, por mais estranho que pareça, a pior arma dele é a ausência.
Pronto, sem meias palavras ou enrrolação, estou no meio do mato, não trouxe o carregador de baterias do meu mundo, e descobri que tem trilhas iradas pra sumir, cair e atolar de moto. Me ferro, me sujo, me machuco e saio rindo. Essa é a graça do mundo, não ser fácil, tropeçar, cair, levantar, saber que ou tenta ou não consegue e no final das contas terminar com cicatrizes e um imenso prazer de missão cumprida.
Domingo de noite, hora de voltar pra cidade grande, ligar o celular, subir novamente no ônibus que possui os dizeres em sua face “rotina necessária”, lembrar dos problemas, deveres, pessoas que lhe esperar com pedras pra amarrar em suas costas e...e...para tudo! O monstro manda um singelo e simples “bom dia, já que você está off este fds”. Mesmo na hora que todo gato é pardo, quando o crepúsculo te da um belo de um tapa na cara, tudo é sol. Você abre um imenso sorriso besta, os olhos brilham, orelhas esquentam até você recordar que vai começar uma imensa batalha pra ter 1 minuto do ser abominável e conseguir um belo abraço.
Só me resta a maldita musiquinha do fantástico, e orações por mais uma noite de sonhos, pra mim, pesadelos não tem mais força para incomodar."

Massa, né? Os bróders que quiserem usar esse blog pra publicar qualquer coisa, de textos à vendas de garagem, sintam-se à vontade. 


Pessoas são bichinhos curiosos...

Tarde, picorruchos. Dói escrever com o dedo na tala, dói não escrever. 
Dans lá verite, ultimamente "tenho andando distraída, impaciente e indecisa" (juro por Deus que não havia pensado em escrever isso, simplesmente saiu, foi mal a breguice), à flor da pele de mais, até pro meu gosto. Neste contexto, resolvi fazer um texto, que talvez não tenha significado nenhum pras borboletas que ficam voando dentro do meu estômago quando já deveriam ter sido derretidas pelo ácido gástrico.


"Ela levanta, lava o rosto que ainda tem sobra da ultima maquiagem, não penteia o cabelo porque não sabe onde está a escova, ou porque acha que não precisa. Veste um jeans, uma camiseta, põe o all star surrado, a jaqueta surrada, toma um copo d'agua e sai de casa. Lembra que não escovou os dentes. Abre um chicletes e percebe que chicletes não tiram o mau hálito matinal, da um sorriso meio bobo quando percebe isso, e faz sinal pro ônibus. O mesmo motorista, o mesmo cobrador, a mesma ausência de " -Bom dia". Passa a catraca, senta, limpa o nariz com a mão -não porque está escorrendo, só pelo costume-, tira os fones da bolsa, poe uma música qualquer que não tem ideia do que quer dizer, olha pela janela e vê o mesmo caminho de sempre, com as mesmas cores, e curiosamente as mesmas pessoas de todos os dias, na mesma rua, andando na mesma direção. "E se um terremoto fizesse todos as casas caírem e as pessoas decidissem morar todas na mesma casa? E se morando na mesma casa, elas aprendessem a lidar com as particularidades de cada uma, sem precisar por rótulo? E se toda vez que tivesse um terremoto a humanidade entendesse, de fato, que ninguém é mais que ninguém, e por isso sua roupa com buracos, comida por traça e cheirando a mofo não deve ir pra doação? E se Jesus voltasse pra dizer de novo que o que Ele disse da primeira vez foi 'ame' e pronto?" Desce no terminal, pega outro ônibus, vê um rapaz vendendo canetas pra ajudar uma instituição qualquer, desce no tubo, atravessa a rua, entra no escritório, aperta o andar no elevador, se pergunta porque não usou as escadas -afinal, precisa emagrecer- abre a sala, senta em frente ao computador, lê os e-mails, responde; lê as cartas que ainda chegam, acha graça do nome das cidades, lembra que ainda não escovou os dentes, vai ao banheiro, escova-os, senta de novo. Faz uma oração rápida, que em 3 segundos despeja sobre Deus todas as suas ansiedades, abre uma bala, faz mais alguns gestos inseguros, sente um arrepio repentino, e percebe que enfim acordou. 
Conversa com algumas pessoas, e sente que sutilmente, todos tentam ser mestres da própria vida, e não por si, mas para mostrar a outros que de fato conseguem "se mandar". Balança a cabeça, olha pro lado, lembra da frase que uma grande amiga disse: "bom cabrito não berra...", e fica tentando ser o cabrito bom. Mas Deus não disse que as ovelhas eram boas e os cabritos eram ruins e as pessoas más seriam comparadas a eles? 
Michael Jackson tocando no rádio, um cara preto que ficou branco. Com uma voz incrível, com uma mente incrível, com complexos incríveis, com medos incríveis. 
E o que é o mundo se não isso? Essa grande roda gigante, que gira-e-para-e-gira-e-para-e-gira até a gente cansar e querer descer. Todos os dias, ela tenta ser uma nova pessoa, pra uma nova pessoa."

Confesso que sinto inveja dela. 

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Eles, sempre eles.

"(...) mas há um amigo mais chegado do que um irmão.
Provérbios 18:24"





Tendo isso em mente, Guten Abend (by google tradutor, desconsiderem se estiver errado, mas né, procurar a expressão certa agora, no me gusta) ! 
O post de hoje é especial, porque se não fossem por eles, meu final de semana (semana, mês e vida) seria uma desgraça. 
Ok, eu sei que já falei de amigos e tals, mas hoje me senti na obrigação de agradecer três pessoas absurdamente especiais: Dóris, Lio e Amir. 


Dóris, minha companheira de república, meu presente. 
Sabe quando seu mau humor combina com as suas olheiras e seu cabelo te odeia e seu tendão  do dedo tá fora do lugar e você parece um cãozinho-raivoso-dos-demonho? Pois é, aí vem a Dóris e diz: - "Bom dia, florzinha!" então, magicamente, as coisas se encaixam, e não tenho como ser mal criada (tem hífen?) com aqueles olhos azuis. Eu vejo a Dóris como a personificação do amor.


Obrigada por ser sempre esse presente, minha alemã-batata favorita, que me deixou entrar na sua vida pelo sistema de cotas.


Amir Pidluznyj, aquele que merece ter o sobrenome citado, porque só tem 14 Pidluznyj no mundo. 
Sabe quando você quer falar sobre cervejas, bandas de punk rock, seriados, gordices e afins? Sabe quando você conhece alguém faz 6 anos e parece que todo dia essa pessoa é uma pessoa nova, e cada vez mais, mais encantadora?  Sabe quando você tem total liberdade pra falar de tudo, de todo o jeito, e só pela mensagem de bom dia (de todos os dias) esse amigo já sabe como você tá e como ele deve agir? 
Acho que o Amir sabe lidar melhor comigo do que meus pais. 
Bróder dos bróders, parceiro de tudo, e o cara que vai ser o marido perfeito pra desvairada que um dia ele vai encontrar num estúdio de tatto (confesso, querido, sempre achei que tu encontraria sua namorada num lugar assim, combina contigo). 


Obrigada pela paciência, por ter um "alemóvel", e por me deixar invadir sua vida pelo esquema de cotas. (sim, mais um alemão.)


Lilian, Ervilian, Brílian, Cocotílian, Lio, Lil, minha preta, literalmente.
Sabe quando você briga, briga, discute, odeia, xinga, discorda, se magoa, fica de mal, e percebe que isso só acontece porque o amor e o cuidado entre vocês é muito grande? Os níveis de amizade com a Lio sempre são extremos, intensos. Minha MELHOR amiga, minha companheira, minha irmã-preta, aquela diva que me chamou pra fazer parte de um dos momentos mais especiais da vida de uma garota (leia-se casamento, com o divo-noivinho Jiã), parceira de troca de sapatos, blusinhas, cachecóis, jaquetas, shorts, sapatilhas e o que mais vier. Amiga pra comer pizza e tomar coca sentada no chão do quarto, fofocando litros e ouvindo sambinhas.  
Um dos meus nortes, uma das pessoas que me lembrou que existe um tipo de liberdade que só é encontrada entre amigos leais, e formando um "tríplice cordão", com o Pai. 


Obrigada por ser tão tão tão tão o complemento do que eu sou, e me deixar ser o complemento do que você é. Obrigada por me deixar entrar na sua vida pelo esquema de cocotas. Amo cada cachinho dessa sua cabeça cacheada com a cor do cabelo da Alcione.




Sei que soou viadinho e pá, mas é exatamente isso: "há amigos que se doam mais que irmãos." 
















quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Toca da Coruja

Bonsoir! Então picorruchos, estou com uma tala no dedo, porque, diva como sou, consegui tirar um tendão de lugar. E pra ser mais diva ainda, a cagada tinha q ser completa, foi um tendão da mão esquerda. Tô aqui, digitando com uma mão e meia. (rysas) E pra ficar mais fácil de postar hoje aqui, peguei um texto do meio do ano, que postei no Toca da Coruja, que é um fórum pra incentivar que novos "escritores" se joguem nessa vida loca de meldels. E olha que a galera de lá está de Meus Parabéns (frase plágio do Fashion Descontrol, assumo). Enfim, tem uma seção lá, que se chama "Dê-me 5 Palavras que te darei um texto", e me deram 5 palavras (as de cor diferente) e eu fiz um texto.  Super proponho a brincadeira pros xuxus que leem esse troçaqui e não comentam. Sugiram palavras! (aí eu as assassino a tarde!!) XD
O texto, sem título, pra variar...



  Era uma vez uma moça de olhos grandes. Não tão grandes assim, que ficassem descabidos, mas grandes o suficiente para que os desavisados se encantassem. Para cada pessoa, os olhos mudavam de cor, o que tornava a moça ainda mais fantástica. Em cada lugar que passava, a moça-bruxa-anjo intrigava mais e mais pessoas: as mulheres se apaixonavam pela sua delicadeza de gestos e os homens por sua voz suave.

 Quando chegou ao Reino das Almas Solitárias, sua luz fez com que as pessoas se desconcertassem, e não entendessem porque se sentiam tão completas. Apavorados com a situação, o Rei convocou os líderes e os sábios do vilarejo para uma reunião, e na pauta estava apenas o questionamento: "Como lidar com a moça para que voltemos a nos sentir infelizes e solitários como outrora?"
  Bolaram um plano estúpido de captura; descobriram que ela gostava de chocolate e fizeram uma refeição especial na praça central do reino, onde todos os bolos vinham cobertos de chocolate, e estes, por sua vez, embebidos em sonífero, para que a moça comesse dele e dormisse. Obviamente, ela sabia da cilada, mas se deixou levar. Comeu, adormeceu e acordou em uma acomodação escura. Respirou fundo, conjurou velas e acendeu-as. Começou a cantarolar baixinho um hino sagrado que atraiu todas as pessoas do reino. Seus olhos assumiram um tom púrpura, de perfeição e beleza inigualáveis; continuou cantando, e dançou. Soltou os lindos cabelos longos e escuros, o cheiro deles invadiu o ambiente e fez com que todos dançassem. Com o dedo indicador, tocou as pontas dos narizes deles, sorriu, e sumiu.Os aldeões continuaram a dançar até perceberem que já não havia mais retorno: suas almas solitárias estavam completas. Contentes, resolveram mudar o nome do Reino para o nome da moça-bruxa-anjo, então, lembraram que ninguém sabia o nome dela. Mas ao final, nem importava.
(01/07/2011)


E aí, curtiram? Falaram que ele poderia ser mais extenso, mas pro formato do fórum preferi ser mais concisa... Por hoje chega que a mão tá doendo¹²¹³¹


Óculos Obscenos.   

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Era uma vez, e nem faz tanto tempo assim.

   Era uma vez uma Princesa. Sim, com P maiúsculo porque o nome dela era Princesa.  E era muito justo o nome que levava: pequena, graciosa, falante e sagaz. Sua pele morena cintilava, e brilhava acompanhando seus grandes olhos marrons. 
  Princesa não tinha muitas preocupações, e seus mimos eram feitos por uma outra princesa que lhe acompanhava. E era feliz, não de todo feliz como as histórias contam, mas aquela felicidade que é as poucos, como algo bom de beber, mas que o exagero embebeda e machuca. 
   Houve um tempo em que a princesa Princesa quis se arriscar, deixou seus mimos de lado e foi atrás de um passarinho, sem nome, mas que ela gostava de chamar de Bebê. Ele tinha um ar gracioso, suas penas brilhavam e seu aspecto frágil era apaixonante aos olhos daquela princesinha que não tinha medo de pular de cabeça em suas aventuras, pois sempre havia quem a segurasse. Sendo assim, Princesa se tornou mais que amiga daquele passarinho: ela virou parte dele. E, inseparáveis, eram a alegria um do outro, o porto seguro um do outro, o amor um do outro... Chegaram a ser a alma um do outro. 
   Os anos se passaram, e de bobeira, Princesa achou que seu passarinho era precioso de mais para ser tocado por outras pessoas, que não entendiam o valor dele, sua preciosidade, e a falta que ele faria caso sumisse da vida dela. O que Princesa esqueceu, é que Bebê era um passarinho, e que passarinhos voam, não gostam de cativeiro, e mesmo se o ninho for forrado de amor, ainda conseguem sentir os espinhos que formam as grades. 
   Por azar ou sorte, quando teve a oportunidade, Bebê bateu asas e fugiu de casa. Deixou flores, beijos, e a Princesa sozinha. Ela sentiu algo que nunca havia sentido: vertigens, dores, sangramentos internos e externos, e teve também o pior de todos os males: uma verborragia. Falou o que devia, mas não se calou quando já bastava, falou mais, e mais e mais até a exaustão, e fez com que aquele passarinho (que ainda era frágil, por mais que ela houvesse esquecido) se quebrasse em quatro partes, e esquecesse quem realmente a Princesa era, suas virtudes, suas belezas...
   A injustiça daquele serzinho de personalidade forte, foi esquecer que suas atitudes geraram aquele excesso de zelo e aquela verborragia que o machucaram tanto. 

   Sobre Bebê, é sabido que foi pra longe, se curar. 

   Sobre a Princesa, sabe-se que chorou, chorou, chorou e acabou evoluindo pra nuvem. 

(p.s.: texto escrito em 31.03.2011, numa aula de Literatura portuguesa II) 

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Sobre nada, quase que literalmente.

Tarde. Ao acabar essa semana tão intensa, não sinto vontade -nem vejo necessidade- nenhuma de escrever sobre mim.
Resolvi colocar dois poemas do incrível-lindo-xerozo-goxtozo do Manuel de Barros (por sinal, já fiz uma palestra sobre a vida, a obra e os meus poemas preferidos dele e como "linkar" isso com o incetivo à leitura para crianças e adolescentes, na Coordenação de Literatura da Fundação Cultural de Curitiba).


Parrrede!

Quando eu estudava no colégio, interno,
Eu fazia pecado solitário.
Um padre me pegou fazendo.
- Corrumbá, no parrrede!
Meu castigo era ficar em pé defronte a uma parede e
decorar 50 linhas de um livro.
O padre me deu pra decorar o Sermão da Sexagésima
de Vieira.
- Decorrrar 50 linhas, o padre repetiu.
O que eu lera por antes naquele colégio eram romances
de aventura, mal traduzidos e que me davam tédio.
Ao ler e decorar 50 linhas da Sexagésima fiquei
embevecido.
E li o Sermão inteiro.
Meu Deus, agora eu precisava fazer mais pecado solitário!
E fiz de montão.
- Corumbá, no parrrede!
Era a glória.
Eu ia fascinado pra parede.
Desta vez o padre me deu o Sermão do Mandato.
Decorei e li o livro alcandorado.
Aprendi a gostar do equilíbrio sonoro das frases.
Gostar quase até do cheiro das letras.
Fiquei fraco de tanto cometer pecado solitário.
Ficar no parrrede era uma glória.
Tomei um vidro de fortificante e fiquei bom.
A esse tempo também eu aprendi a escutar o silêncio
das paredes.

Manoel de Barros

(No livro Memórias Inventadas, As infância de Manoel de Barros)

Agora, alguns dos excertos de "Diário da Bugrinha" 

22.1
O nome de um passarinho que vive no cisco é joão­ninguém. Ele parece com Bernardo.
23.2
Lagartixas têm odor verde.
2.3
Formiga é um ser tão pequeno que não agüenta nem neblina. Bernardo me ensinou: Para infantilizar formigas é só pingar um pouquinho de água no coração delas. Achei fácil.
25.2
Quem ama exerce Deus — a mãe disse. Uma açucena me ama. Uma açucena exerce Deus?
2.3
Eu queria crescer pra passarinho...
5.3
A voz de meu avô arfa. Estava com um livro debaixo dos olhos. Vô! o livro está de cabeça pra baixo. Estou deslendo.

7.8
O pai trouxe do campo um filhote de urubu. Ele é branco e já fede.

19.9
Uma égua iniciava meu irmão. O pai ralhou com ele. Meu irmão foi entrando para inseto até desaparecer. Ficou dentro do mato até amanhã.


21.4
Pensar que a gente cessa é íngreme. Minha alegria ficou sem voz.
22.4
Hoje completei 10 anos. Fabriquei um brinquedo com palavras. Minha mãe gostou. É assim:

De noite o silêncio estica os lírios.

Do "Livro Sobre Nada" (Arte de Infantilizar Formigas)

Que bem difícil escolher só alguns!! o.O
Mas é isso. Por hora. 


quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Sobre o amor, e não existir.

Bonsoir mes enfants!
Acordei serelepe, tô feliz.
Sem mais delongas, quero contar uma bobagenzinha...
1.Lembram do post d ontem que falei do "meu eterno Telêmaco"? Pois é... Lembrei um monte dele hoje, e lembrei também, que ele me chama de Alice, (aquela xuxu do pais das maravilhas, que se perde o tempo todo, que tem dó dos outros, que é bem grande e bem pequena alternando muito rápido) e a minha princesa com dois enes que tá na França (A.L), também acha que em alguma coisa eu lembro a Alice.
2.Eu amo Ramones. Tipo, amo. Amo mesmo. MUITO. Sou viciada em Ramones. Sou viciada em punk rock. VICIADA. Ouvir qualquer música deles me põe nos eixos, me deixa leve e absurdamente feliz.
3. Sou curitibana, e Curitiba é a cidade do "djanho" que tem umas bandas muito, muito, MUITO boas de rock alternativo (e afins).
Obs.: Se você só conhece a Banda Mais Bonita da Cidade, que pena.
4.Tem uma banda aqui, que escuto desde sempre que se chama Pelebrói?Não sei... que tem uma música que é absurdamente a minha cara (vide itens 1 e 2).
5. Eis, pois, la chanson!
http://www.youtube.com/watch?v=bR8y9LhnfoU


Alice Clair

Pelebrói Não Sei?

Era a gata perfeita Alice era seu nome
Sempre sonhando acordada
Sempre negando seu fone
Desde criança sonhava com o Jhonny Ramone

Ela andava sozinha nunca havia amado
Não pertencia ao futuro
Ela não tinha passado
Tudo que Alice queria era um Ramone ao seu lado

Alice babe olhe pra você sempre tão sozinha em frente à TV
Alice babe olhe pra você falando sozinha com a TV

Era a filha querida Alice era seu nome
Sempre chorando baixinho
Sempre ficando sem fome
Desde menina sonhava com o Jhonny Ramone

Tudo que ela queria ela esperou tão calada
Partiu numa nuvem fria
Numa bela madrugada
Dizem que viram Alice e o Jhonny na estrada

Alice babe o que você fez me deixou sozinho outra vez
Alice babe o que você fez me deixou sozinho outra vez... \m/




post scriptum: achei essa foto a cara do post. E sim, sou eu nela. =)


quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Desabafo canhotto e desconexo (seriam sinônimos?)

Pois é. Esse lado maternalista me ferra. Quero proteger a todo o custo todos que estão em minha volta, e os amigos então (se contar bem direitinho, tenho uns 7,8 amigos), nossa! pra eles, se for preciso arrancar um braço, ou dividir o peep toe favorito, faço com o maior prazer do mundo! E isso também, o que quebra (quase que literalmente). A preocupação que tenho com eles é grande de mais pro meu 1,59 de puro stress, e fico quase louca quando qualquer coisinha sai foda do eixo... Tenho um ciúme descabido deles, e dos meus sobrinhos, e das minhas priminhas (q estão com 12 anos e parecendo mulherões) e tenho ciúme até do que eles pensam. E olha, é reciproco. Todos eles cuidam de mim como se eu fosse a ultima bolacha do pacote também. Talvez por isso eu seja tão "dodoi" (palavras de A. Beltrame).
E resolvi escrever isso hoje, apenas por amor. Porque sei que um dos melhores, está tomando uma decisão tão apressada, e tão descabida... E como não posso falar mais nada (porque afinal, são meus amigos, minhas paixonites,e não minhas propriedades), escolhi desabafar aqui.
Amor as vezes é abrangente de mais. Outro dos melhores (meu eterno Telêmaco), diz que se encantou pelo meu jeito descabido de amar coisas e pessoas como se realmente não houvesse amanhã, mas esse amor todo, traz implicações, porque pra mim, "eu te amo", realmente não é "bom dia". E o pior é saber que cada um tem que cometer seus erros, tem que aprender, crescer. Mas é tão tão difícil! Imagina a loucura quando -e se- eu tiver filhos!!! **medo**
Tem uma música da Carla Bruni que diz tanto como eu tô me sentindo agora... E nem é o refrão! Tenho medo que "das mágoas dos meus amigos sejam feitos mantos", porque afinal, sempre tem alguém pra "se cobrir" com as nossas tristezas.
Desculpem o tom repetitivo e broxante, mas hoje me sinto assim, como um pai bem louco porque a filinha de 15 anos, usando minissaia tá dando mole pro garotão de 18 anos que acabou de tirar a carteira de moto. o.O
Canhottices, não é por acaso. E não é só por ser canhota, é por assim, "esquerda" em tudo. Exageros, ah! meus exageros...



Poema de Sete Faces
Carlos Drumond de Andrade

Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.
As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.
O bonde passa cheio de pernas:
pernas brancas pretas amarelas.
Para que tanta perna, meu Deus,
pergunta meu coração.
Porém meus olhos
não perguntam nada.
O homem atrás do bigode
é sério, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos, raros amigos
o homem atrás dos óculos e do bigode.
Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus,
se sabias que eu era fraco.
Mundo mundo vasto mundo
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto é meu coração.
Eu não devia te dizer
mas essa lua
mas esse conhaque
botam a gente comovido como o diabo.

Ah, claro. Comentários são sempre bem vindos. Quase sempre. Hoje sim. 

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Introduzindo, inclusive Lily Braun.

Assim, meio sem graça, fazendo o que eu sempre achei que soubesse fazer (até entrar no curso de Letras): Escrever. E olha, é difícil. Mas estou aqui pra isso, pra testar, tentar, torcer e distorcer ao meu bel prazer. Agora entra aquele monte de bobagens que digo que vou postar, como músicas, trechos de livros, meus textos e bláblá. Mas poxa, esse blog não é meu? Então, a troco de quê vou dizer que isso aqui vai ter minha cara? 
Para abrir (poderiam ser qualquer outra coisa, mas é o blog), vou colocar uma música que me deixa serelepe, que me faz lembrar de quando a ví no Ballet, e sei lá, é uma brincadeira do lindo do Chico Buarque, sobre amor e casamento, na história real da vida de Lily Braun, uma "star" que casou com um palhaço circense chamado Oto, e tiveram uma filha, que não queria ser do circo, mas ir para o convento. Enfim, muito bom o poema "O Grande Circo Místico" ( originalmente um poema publicado em 1938 no livro "A Túnica Inconsútil", de Jorge de Lima). 
Devidamente apresentada Lily Braun e família, eis pois, a música:


A História de Lily Braun

Chico Buarque

Como num romance
O homem dos meus sonhos
Me apareceu no dancing
Era mais um
Só que num relance
Os seus olhos me chuparam
Feito um zoom
Ele me comia
Com aqueles olhos
De comer fotografia
Eu disse cheese
E de close em close
Fui perdendo a pose
E até sorri, feliz
E voltou
Me ofereceu um drinque
Me chamou de anjo azul
Minha visão
Foi desde então ficando flou
Como no cinema
Me mandava às vezes
Uma rosa e um poema
Foco de luz
Eu, feito uma gema
Me desmilinguindo toda
Ao som do blues
Abusou do scotch
Disse que meu corpo
Era só dele aquela noite
Eu disse please
Xale no decote
Disparei com as faces
Rubras e febris
E voltou
No derradeiro show
Com dez poemas e um buquê
Eu disse adeus
Já vou com os meus
Numa turnê
Como amar esposa
Disse ele que agora
Só me amava como esposa
Não como star
Me amassou as rosas
Me queimou as fotos
Me beijou no altar
Nunca mais romance
Nunca mais cinema
Nunca mais drinque no dancing
Nunca mais cheese
Nunca uma espelunca
Uma rosa nunca
Nunca mais feliz...