segunda-feira, 16 de julho de 2012

Pra ir pra rua tem que ter peito. Eu sou Vadia de respeito.

 No sábado 14/07 foi a Marcha das Vadias em Curitiba, e me cabe falar dela. Pensei em mil textos legais, mas acho q só adaptar um pouco meu status do facebook já é de grande valia. Então lá vai:

"Sério, o mundo me envergonha. 
Tanta coisa em volta da Marcha das Vadias e a única coisa q o povo (3post no face e 2 q eu vi no twitter) comenta é a menina com a axila não depilada. Chamaram-na de porca, de sem noção, de mais um monte de coisas. Então a gente vai pra rua, protestar por nossos direitos, e ainda tem se enfiar num padrão estético? É isso mesmo? 
É pelo padrão estético que vocês impõe, que eu tenho bulimia. É por esse padrão, que eu trinquei uma costela ao espirrar quando era mais nova, pq pesava menos de 35kg. É pelo padrão estético e comportamental imposto, que eu tenho agorafobia e passo longas fases da minha vida trancada dentro do quarto porque não tenho coragem de sair pra ir ao banheiro, por exemplo. Literalmente rezo todos os dias pra conseguir sair de casa. Não é fácil essa porra toda não. 
A correria pelo padrão estético tá tão doentia, que até axila tem cor certa, que perereca tem cor, tamanho certo, que até o cu tem cor certa. 
De que adianta valorizar o cabelo cacheado, ou a pele com sardas, se a axila tem q ser lisinha e clara? Ah, por favor. Cadê a coerência? 
No meio da marcha fui chamada de gostosa. NO MEIO DA MARCHA. Poxa vida, cadê o respeito? Cadê a compreensão? Cadê entender que todos somos humanos, com necessidades parecidas, com medos parecidos, com sonhos parecidos? 
Imponha seu padrão pra você, não pra mim. Não pros seus filhos. Não pros seus amigos. 
A moça da axila peluda cobriu o rosto pra mostrar os peitos. Eu voltei pra casa querendo desesperadamente pôr uma calça, pq no caminho da Boca Maldita pra casa, um senhor com idade pra ser meu bisavô me deu uma cantada, e outras duas pessoas me perguntaram o preço do programa. Eu não quero mais ter que medir minhas roupas pra não correr o risco de ser molestada- de novo. Eu não quero mais ter que ter vergonha de quem eu sou. Eu não quero mais ter q cobrir o rosto pra mostrar os seios. Por favor, se a sua mente é nojenta e malicia e sensualiza tudo, se trate, não me agrida." 

A Marcha das Vadias não é só sobre roupas, não é só sobre a polemização dos mamilos. A Marcha é sobre violência, é sobre ser agredida pelo pai, pelo irmão, pelo namorado, pelo marido -verbal e fisicamente. A Marcha é sobre a dor de ser forçada ao sexo porque tomou umas bebidas a mais. A marcha é sobre o menino de 10 anos que estuprou a coleguinha porque viu isso num filme pornô. A marcha é pra nós mulheres, entendermos que somos irmãs, e respeitarmos o comportamentos das Valeskas Popozudas, das Suelens da vida, que conquistaram a própria liberdade sexual enquanto a gente ainda fica rotulando uma igual de "vagabunda", "pirigueti", "sem vergonha". A Marcha das Vadias também é sobre coerência, meus queridos humanos. Quero pra mim o direito de ir e vir, quero pra outra o direito de dar ou não, quero pro outro o direito de não ser taxado de corno pelas roupas que a esposa usa. 

Agora imagens da Marcha, q né, tem várias minhas! ^-^ Apreciem, comentem, sintam, gritem. =)


















              






                                      (esta última é do ano passado,tbm tô ali)

A NOSSA LUTA, É TODO DIA, SOMOS MULHERES E NÃO MERCADORIA!

VEM, VEM, VEM PRA RUA, VEM CONTRA O MACHISMO!

A BOCA NÃO É MALDITA, MALDITA É A BOCA DO MACHISTA!

O QUE A GENTE QUER? EMPODERAMENTO DA MULHER!

EU NÃO SOU MISS, NEM AVIÃO, MINHA BELEZA NÃO É PADRÃO!

CHORA SEU MACHISTA! A AMÉRICA LATINA VAI SER TODA FEMINISTA!

terça-feira, 3 de julho de 2012

Once Upon a Time... (em letras cursivas escritas com caneta tinteiro em papel velho)

E essas suas pernas, entrelaçadas às minhas?

E essas suas pernas? ... Ah... essas pernas!

Essas pernas que me enroscam, que me prendem, que me encantam na brancura dessas pernas que me sugam a luz desse dia tão escuro tão à quatro paredes tão nosso tão meu.

Ah essas suas pernas, tão densas, tão intensas, tão marcadas dos machucados das feridas dos arranhões dos meus amores das minhas coxas molhadas por você e pra você e com você.

E essas pernas, que encontram lugar certo entre as minhas, me esquentando me acolhendo, me apertando me deixando tão sem ar tão sem ar até eu ter que sussurrar gemer gritar empurrar ir à fundo pra não morrer pelo ardor dessas pernas.

Ah, essas pernas tão desenhadas, com tantos detalhes, com tantos detalhes tão bem desenhados que me arrebatam em formas que passam pela euforia beirando a loucura estimulando o que me afaga me seduzindo, me serenando...

Ah essas pernas... tão tuas, tão minhas, tão sem motivo, tão distorcidas, tão contorcidas, tão amarradas às minhas...