quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Era uma vez, e nem faz tanto tempo assim.

   Era uma vez uma Princesa. Sim, com P maiúsculo porque o nome dela era Princesa.  E era muito justo o nome que levava: pequena, graciosa, falante e sagaz. Sua pele morena cintilava, e brilhava acompanhando seus grandes olhos marrons. 
  Princesa não tinha muitas preocupações, e seus mimos eram feitos por uma outra princesa que lhe acompanhava. E era feliz, não de todo feliz como as histórias contam, mas aquela felicidade que é as poucos, como algo bom de beber, mas que o exagero embebeda e machuca. 
   Houve um tempo em que a princesa Princesa quis se arriscar, deixou seus mimos de lado e foi atrás de um passarinho, sem nome, mas que ela gostava de chamar de Bebê. Ele tinha um ar gracioso, suas penas brilhavam e seu aspecto frágil era apaixonante aos olhos daquela princesinha que não tinha medo de pular de cabeça em suas aventuras, pois sempre havia quem a segurasse. Sendo assim, Princesa se tornou mais que amiga daquele passarinho: ela virou parte dele. E, inseparáveis, eram a alegria um do outro, o porto seguro um do outro, o amor um do outro... Chegaram a ser a alma um do outro. 
   Os anos se passaram, e de bobeira, Princesa achou que seu passarinho era precioso de mais para ser tocado por outras pessoas, que não entendiam o valor dele, sua preciosidade, e a falta que ele faria caso sumisse da vida dela. O que Princesa esqueceu, é que Bebê era um passarinho, e que passarinhos voam, não gostam de cativeiro, e mesmo se o ninho for forrado de amor, ainda conseguem sentir os espinhos que formam as grades. 
   Por azar ou sorte, quando teve a oportunidade, Bebê bateu asas e fugiu de casa. Deixou flores, beijos, e a Princesa sozinha. Ela sentiu algo que nunca havia sentido: vertigens, dores, sangramentos internos e externos, e teve também o pior de todos os males: uma verborragia. Falou o que devia, mas não se calou quando já bastava, falou mais, e mais e mais até a exaustão, e fez com que aquele passarinho (que ainda era frágil, por mais que ela houvesse esquecido) se quebrasse em quatro partes, e esquecesse quem realmente a Princesa era, suas virtudes, suas belezas...
   A injustiça daquele serzinho de personalidade forte, foi esquecer que suas atitudes geraram aquele excesso de zelo e aquela verborragia que o machucaram tanto. 

   Sobre Bebê, é sabido que foi pra longe, se curar. 

   Sobre a Princesa, sabe-se que chorou, chorou, chorou e acabou evoluindo pra nuvem. 

(p.s.: texto escrito em 31.03.2011, numa aula de Literatura portuguesa II) 

Um comentário:

  1. Ai, minha flor, se você soubesse o quanto eu te entendo... Precisamos tomar um café, preciso de uma boa conversa e de um ombro amigo pra chorar um pouco minhas pendenguinhas...

    Beijoca estalada!

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