domingo, 26 de fevereiro de 2012

Garoa e solidão.

"vc tá meio sumida..."
É, tô sim. Não fui trabalhar nos últimos dias, não consegui. Sair de casa é quase proporcional a vomitar, ou ter uma crise de choro ou querer morrer atropelada por um biarticulado. O caminho entre sair de casa e chegar no trabalho é deprimente, ou melhor, irritante/angustiante/agoniante. Escuto soluções para os meus problemas que me deixam ainda mais confusa, triste, ressabiada e com a sensação de incapacidade. Tento por todas os cantos caminhar pra longe, e rápido, mas a sensação continua sendo de estar parada.
Esses últimos dias, em casa, no médico, à procura pela cura (da loucura), não foram o que se pode chamar de dias de descanso, só porque não trabalhei. Foram dias de ainda mais cansaço. Preferia estar trabalhando, correndo, dançando, estudando, e sem sentir meu corpo doente, sem estar apática, sem estar surda.
Amanhã começa uma nova semana. Levantarei cedo, pra ir pro trabalho, e espero trabalhar mesmo, pq como as coisas estão, até seria justo que meu chefe me demitisse. Espero não vomitar, não chorar, não pensar nessa maldita dor de estômago.
Tenho convivido com pessoas que sabem mais de mim do eu mesma, e não é assim tão bom. Gente que sabe pelo que eu passei, ou pelo que eu vou passar, gente que me olha e diz que "ainda tenho muito pra amadurecer, ainda sou muito criança...", gente que diz que quer estar ao meu lado sem pressão, mas me põe um monte de regrinha estúpida de convivência, ou me coloca convites que se eu recusar vou estar jogando minha alma no inferno. Essa mesma pessoa não viu, viveu, sentiu metade do que eu senti, afinal, cada um sabe o peso que consegue suportar, ou o ritmo q consegue manter, cada um, e só esse um, sabe de fato o caminho que quer seguir, e ainda assim acha que pode me julgar, tachar, ou me ajudar a crescer se comparando a mim. Sei que meu caminho não é fácil, ou tranquilo, mas sei que com gente falando bobagem pra me censurar e me direcionar, vou me atrapalhar ainda mais. Até porque, quem de fato me direciona, faz isso com uma firmeza e uma doçura indizíveis, e com um carinho absurdo.
Ontem sai de casa, andei duas quadras, voltei essas duas quadras e senti que poderia ter morrido ali. Parecia que tinha caminhado por horas e horas e horas. Minha respiração estava acelerada, minhas pernas doíam. Nada estava fácil, ou sob controle. Mas eu estava perfeitamente bem vestida, maquiada, com o cabelo feito. Tirei o sapato, fiquei descalça pela sala e decidi não sair mais. E mais um vez, mais uma das mil e quinhentas vezes, eu perdi de ficar com meus amigos, de ver gente nova, de me divertir, ou de ir ver um filme porque a insegurança não me permitia sair. Dormir de batom vermelho e olho delineado não faz bem a ego nenhum. Sozinha em casa, vi um filme de drama mas não chorei. Nem pra isso eu servia ontem. E hoje, ainda de pijama, ainda na cama, ainda sem razão, penso que deveria pelo menos ir pra sacada, tomar um sorvete ouvindo o barulho da rua, sair um pouco das telas de tv e de pc e ir viver a vida alheia num bom livro.
Não sei se estou parada ou dando um passo de cada vez, as vezes me dizem que já andei mais do que imagino, as vezes me dizem que estou atrasada. Do lado de cá e do lado de lá sinto que minhas pernas trançam, e isso faz com que doam. De qualquer forma, é uma passagem, e logo estarei dançando de novo, unindo os dois lados. unindo as pessoas, unindo meu corpo ao meu espírito, e assim por diante.


*o título da postagem é uma menção à uma banda muito boa, daqui de Curitiba, a Relespública.

Um comentário:

  1. Uma fase, uma estrada, uma passagem, uma jornada. Sempre tentamos entender o que nos leva do sul ao norte, da vida a morte ou de cá pra lá. Sem sucesso eu diria, pois a vida não tem tanto significado assim a ponto de ser entendida, compreendida ou mesmo desvendada.

    Eu imagino como você se sente. Imagino, não entendo, pois nunca enfrentei nada igual, nem de perto. O sofrimento dos outros dói na alma, mas o sofrimento do corpo enfraquece o espírito. Me dói te ver assim, não tanto quanto dói em você o peso dessa "fase".

    "Vai passar". É a coisa mais sensata que posso dizer. Vazia, pequena, óbvia, mas a única que se isola de qualquer fé e certeza, pelo contrário, é um fato. Tudo passa, e é essa nossa única certeza e esperança nesses momentos. Vai passar, Rô.

    Se cuida pequena. Se cuida mesmo. Toma conta dessa jóia tão bonita e valiosa, tão pequena e manhosa, que adoro ver sorrir. To contigo mesmo longe, nos desentendemos, brigamos, damos risada e nos abraçamos. Mas estamos sempre juntos, mesmo longe.

    Abraços do ogro/destro/paulista que te adora.

    ResponderExcluir

Falar é que lhe resta, divirta-se!