domingo, 27 de setembro de 2015

Caillou estava certo, ou Como estar em Irvine me dá mini vontades de sumir.

Lembra quando você era criança e via o desenho do Caillou? Lembra-se da musiquinha? Pois é, “crescer não é tão fácil assim, cada dia na vida é uma nova surpresa!”. É assim que me sinto aqui. Crescendo, sem ser nada fácil.

Vocês que sabem inglês (ou qualquer outra segunda língua), por favor, ensinem seus filhos em mais de um idioma. Digo isso porque estou apanhando bem bonitinha pra aprender o inglês, que sempre foi a língua que eu mais odiei no universo. Inclusive, Universo, agora eu amo inglês acho lindo acho fácil adoro mesmo sério então por favorzinho com açúcar para de fazer essa língua ser tão difícil pra mim, obrigada.

Já passei por cada presepada que só eu mesmo... O atendente da lanchonete me perguntando qual ‘topping’ eu queria no café e eu respondi com “Rosemary”. Por um triz ele não colocou alecrim no meu café... Na verdade ele não colocou porque não tinha, pq se tivesse... Teve também o dia em que meu ID foi recusado na academia e eu não entendi nada do que a secretária disse, aí tiveram que chamar outro cara pra ajudar e o cara não entendia nada do que eu dizia... No fim voltei pra casa bem frustrada porque não consegui explicar que havia pagado a anualidade. Tudo bem, voltei lá depois e consegui – mesmo que com ajuda – me fazer entender. Mas na hora é mega frustrante.
Hoje, por exemplo, FINALMENTE consegui pedir um café com leite. Não fazia ideia de como falava isso, aí um colega ajudou: Caffé Latte é o café com leite, fica a dica pra quem ama o ‘pingado’ e não tem ideia de como se fala aqui. Aproveito pra lembrar que o café aqui é fraco, bem fraco. Nem o expresso é forte como os expressos do Brasil, aliás, o expresso é mais fraco que o café coado do (sul) do Brasil.

Essa semana fiz duas coisas que ainda não havia feito: Ir à academia e ir a um Pub.

Me senti parte de um filme quando entrei no pub (me sentir parte de um filme tem me feito ter pequenas crises de pânico), duas TVs, uma de frente pro balcão, ligada no jogo de beisebol e a outra na frente das mesas (mesas altas, com banquetas igualmente altas) ligada num jogo de futebol americano.

Ficamos na frente do balcão, então acompanhamos o jogo de beisebol e só posso dizer que é um jogo realmente genial. Muito mais emocionante que futebol, por mais que eu não faça ideia das regras... Ah, ao nosso lado no balcão estava uma mulher de uns 40 anos, com uma roupa toda bonita, tomando uma taça de vinho branco, enquanto um cara mais ou menos da mesma idade puxava papo com ela. O cara estava meio bêbado, foi engraçado. Ela não se incomodou com isso e logo estavam rindo juntos. Taça de vinho num balcão, ai que luxo. Achei o máximo (quem bebeu margaritas no balcão do taco me entende). Nós pedimos cervejas, o copo pequeno... O copo pequeno tem uns 700ml, e foi a cerveja mais alcoólica que já bebi. Forte, amarga, daquelas que a gente faz esforço pra tomar até o fim. Se bem que com meio copo eu estava literalmente bêbada. Aí o marido pediu bruschettas, imagina nossa surpresa quando a bruschetta chegou... No Brasil eu só vi esse aperitivo como uma fatia de pão francês com molho de tomate e pedaços de queijo por cima (ou outros condimentos e outros recheios, como queijo provolone e geleia – família fadanelli – por exemplo), aqui veio um prato com tomates cerejas cortados ao meio, um molho de azeite com sal e queijo ralado e uma ervinha verde que ainda não descobri o que é, com outro prato de torradas finas, feitas com pão francês. A gente achou super engraçado, não é um prato quente, como no Brasil, mas é um tipo de salada. Estava bom, o azeite de oliva aqui tende a ser mais puro que os vendidos em Curitiba, pelo que vimos. 

Aí bruschettas e mais um tanto de cerveja depois, eu ainda estava bem alegrinha. Fui pedir ‘tap water’ ou seja, água de torneira (aqui todos os estabelecimentos dão água de torneira de graça), aí a moça quase me serviu uma cerveja chamada Poter, pq eu devia estar bêbada o suficiente pra ela confundir water com poter. Ainda assim deixamos uma boa gorjeta com ela quando fomos embora, e isso é uma coisa importante de se dizer: deixe gorjetas. No Brasil eu deixava sempre que era bem atendida (além de pagar os 10%) e aqui o costume é deixar de 10 a 20% de gorjeta prx atendente, tendo em mente que 10% é pra um atendimento meia boca/ruim e 20, 25% é um excelente atendimento. Não deixar gorjeta é meio ofensivo e quer dizer que você realmente foi mal atendido, mal atendido tipo ‘nunca mais volto aqui’.

Ainda quero ir pra NY pra beber no Hooters. Imagina que louco? Acho que vou ficar me achando um monte, que nem quando fui comer na Cheesecake Factory (caro, mas excelente).

Aí no dia seguinte fomos pra academia (meu ID não passou de novo, mas dessa vez o cara simplesmente liberou pq “peloamordoamor todo dia essa mina aqui travada credo”), pela primeira vez pra malhar mesmo (das outras 3 vezes fomos pra conhecer, fazer inscrição e daí fazer aula experimental) e fiquei encantada com a opção de escolher em qual das “salas de aparelhos” eu gostaria de treinar naquele dia, já que existem duas salas (cada uma do tamanho de uma academia completa) completas, com aparelhos para todos os tipos de exercício, a diferença é que uma tem música alta e a outra tem televisões e não tem tanto barulho. Obviamente escolhi a segunda, mais calma e com menos gente. Vi aparelhos que só tinha visto na TV, como o TRX e um que não sei o nome, mas é um simulador de “subida de escada”, tal qual aparece no Biggest Loser. Acho que eu sou a próxima Biggest Loser. Quem sabe eu perco 20kg e viro a próxima Miss América de Fisiculturismo. Vai saber, né? Inclusive, aqui o peso é em pounds e eu tenho mesmo que perder 20 pounds, que em média é 10kg no Brasil. Se bem que eu tô meio que se dane o peso, eu quero mesmo é ficar forte, menos flácida, com nada de dor na coluna. Obvio que vocês sabem que se as costas doem é porque os músculos abdominais não estão firmes e não estão dando a sustentação necessária para as costas. No meu último mês em Curitiba meu corpo ficou uma quiçaça. Bunda ficou quadrada, coxa ficou mole. Acho que era a ansiedade me deixando torta. Isso e passar o dia no sofá, porque quando eu não estava correndo feito um cachorro fugindo, tentando resolver todos os pepinos que surgiam (e foram  m u i t o s ) eu estava no sofá morrendo (de cansaço, de angústia, de dor, de instabilidade emocional), enfim, com 25 dias aqui minha bunda já está durinha de novo, minhas coxas já estão mais firmes e sinto que quase tudo voltou ao lugar.

Falando em coxas... Como as roupas de academia aqui são feias! Com exceção de uns shorts bem curtinhos que deixam qualquer bunda perfeita, as roupas são muito toscas! Talvez porque o padrão de corpos aqui é menos curvilíneo e tudo fica um tanto largo, talvez porque o usual seja usar mais largo, enfim, saudades das roupas de academia que a Azaragata (bjs Fer!) vendia! Não que eu fosse uma compradora assídua, mas tinha uma leggins, blusinhas, shortssaia que eram muito lindos! Até agora a roupa mais bonita de academia são as leggins masculinas e os coletes masculinos pra malhar. As roupas masculinas dão de dez a zero nas femininas, essa é a real. Porém... Os homens malhados são, na maioria, estranhos. Imagina colocar o peitoral do Latrell no Neymar Jr, então, esse é o padrão dos ~~gatos sarados~~ daqui: perna finíssima e peito imenso. Não, o Jhonny Bravo não é um personagem imaginado, ele é baseado em como os caras que malham são. Deve ser por isso que a mulherada cai de pau nos latinos, porque mesmo que subconscientemente, o corpo simétrico dos ‘nossos’ homens é mais chamativo do que esse corpo de maçã-do-amor que os caras curtem cultivar aqui.

Sobre a academia ainda, eu chamo de academia porque tenho meio vergonha de chamar de clube, mas o Arc (vale a pena olhar o site) tem 4 quadras poliesportivas, 2 quadras de futsal (ou algo assim), piscina meio olímpica meio vou ficar de boas tomando sol, pista de corrida, parede de escalada, 4 salas de squash e acho que 4 salas para danças, sem contar a cozinha para cursos de culinária (cada atividade diferente, como as aulas de dança, capoeira ou culinária custam 40 dólares o trimestre). É um lugar enorme e tô bem cogitando a possibilidade de morar lá, escondida. Ah! Lembra que eu falei sobre as roupas de praia? Comprei um maiô que achei genial pra usar na piscina do Arc, me senti linda com ele, que tem o padrão de “estar coberta” que é usual aqui. Entretanto, como boa piriguete que sou, lógico que a primeira vez na piscina foi com o meu biquíni normal mesmo, com a calcinha que no Brasil seria normal, mas aqui é um escândalo de cavada.

E pra fechar, sabe o que eu descobri hoje de manhã quando um amigo nos levou tomar café da manhã? O apelido da esposa – paquistanesa – dele é “guria”, falado exatamente igual ao nosso “guria” aí do sul, e em Urdo isso significa Boneca. Fofo né? Sempre tivemos o inconsciente coletivo que nossas gurias eram bonitas, atrativas, maleáveis e representativas como bonecas. <3





















P.s.: Não achei melhores imagens. Me desculpem, mas algumas vezes é necessário ser visto pra se fazer entender.


                       

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