quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Um lugar Chamado Irvine

Não escrever sobre isso tem me feito pensar mais nisso, então, vamos lá.

Lembra quando eu falei que parecer estar num filme me dava ataques de pânico? Pois então. A roupa das pessoas, o cabelo, a fala, é tudo muito estranho. É muito estranho estar falando português com o Dan aqui em casa, abrir a porta e ter um mundo falando em inglês. A cabeça buga. A sensação é de que estando em outro país todas as pessoas vão falar a língua local, mas você é uma pessoa e não fala o tempo todo a língua local e existem gírias e maneirismos e isso é bem estranho. As novelas da globo que se passam na Índia com todo mundo falando em português deveriam ser banidas. Não faz sentido criar a ilusão de chegando em um lugar você automaticamente vai falar como um nativo. “Nossa Rô, mas vc é retardada da cabeça, né miga? É uma novela!” Sim, sou retardada da cabeça e sim é uma novela. Mas quantas vezes você já chegou na loja e disse “eu quero a blusinha da Babalu” ou no cabeleireiro e “corta pra mim que nem o da Odete Roitman”? Então, a gente cria um inconsciente de que será mais fácil se ambientar em lugares diferentes, quando na verdade não é. A não ser que você tenha saído de uma família cigana e mudado de cidade 4 vezes ao ano.

Para ter ideia de como a ambientação é uma coisa difícil, meu hálito mudou. Não sei ainda o que eu ando comendo por aqui, mas agora tenho mau hálito. Já descobri que donnuts me deixam com a gastrite atacada, é comer e passar o dia seguinte todo com muita dor de estômago. Já descobri que o leite não me faz bem também, mas ainda não sei  o que me deixa com o hálito ruim.

Falei sobre ambientação e hálito e esqueci o filme.

Eu odeio ETs, odeio mesmo. Tenho um medo tão grande, mas tão grande que eu nem sei como explicar. Já era grande, aí eu assisti a um filme sobre os malditos Greys que roubavam um garoto e pronto, ficou pior. Aí comentei com uma amiga sobre o medo, e ela disse que “nossa é verdade os Greys roubam crianças mesmo, eles são tipo uns piratas intergalácticos” e o caralho a quatro. Eu fiquei uma semana sem dormir. Sério. Um pavor absurdo. Tive que tomar tarja preta.

Teve a vez em que o maravilhoso do meu padrinho de casamento (bjs Gabe!) nos convenceu a ver um filme desgraçado de assombração que era baseado em fatos reais. Outra semana rezando muito pra conseguir dormir...

Aí, mais uma vez, você para e pensa: onde a maioria dos filmes de assombração se passam? Onde existem mais casos de pessoas abduzidas? Isso mesmo! Nos EUA! Já viu gente sendo possuída na Borda do Campo? Não viu. Viu gente sendo levada por uma nave em São José? Não viu. Só aqui que acontece essas desgraças, gente. Só aqui. Eu tenho preferido dormir durante o dia que à noite, pq eu já ‘viajei’ que levavam o Dan, aí eu fico meio ué da cabeça. 

Por que a vida é assim, você pensa que o filme que vai passar na tua cabeça é Um Lugar Chamado Notting Hill, quando na verdade o que passa é O Exorcista.



p.s.: Não consigo entender porque de repente o que eu escrevo ficou tão interessante.
Tem a ver sobre escrever de outro país? Tem a ver com ser sobre mim e pessoas gostarem de saber sobre a vida alheia? Eu gosto da vida alheia. Gosto de pessoas. Vai ver é por isso que o Championsip Vinyl está no ar há quase dez anos. O Rob Gordon fala só sobre o dia a dia (doentio) dele. Recomendo a leitura, o blog é muito bom.


Um comentário:

  1. Sabe que tirando os primeiros dias aqui, não senti essa dificuldade de ambientação, principalmente no caso da língua. A princípio sim, era estranho, mas hj o estranho é ouvir português. Apesar de estar a quase dois anos aqui, entendo o japonês, mas não consegui ainda formar uma frase completa... Bem complicado!!
    As estórias de terror q eu ouço aqui são, no mínimo, engraçadas! Mesmo pq japonês só se assusta com obake (fantasma).Existe um pânico geral no quesito fantasma. Realmente a diversidade me encanta!!!

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