Não escrever sobre isso tem me
feito pensar mais nisso, então, vamos lá.
Lembra quando eu falei que
parecer estar num filme me dava ataques de pânico? Pois então. A roupa das
pessoas, o cabelo, a fala, é tudo muito estranho. É muito estranho estar
falando português com o Dan aqui em casa, abrir a porta e ter um mundo falando
em inglês. A cabeça buga. A sensação é de que estando em outro país todas as
pessoas vão falar a língua local, mas você é uma pessoa e não fala o tempo todo
a língua local e existem gírias e maneirismos e isso é bem estranho. As novelas
da globo que se passam na Índia com todo mundo falando em português deveriam
ser banidas. Não faz sentido criar a ilusão de chegando em um lugar você automaticamente
vai falar como um nativo. “Nossa Rô, mas vc é retardada da cabeça, né miga? É
uma novela!” Sim, sou retardada da cabeça e sim é uma novela. Mas quantas vezes
você já chegou na loja e disse “eu quero a blusinha da Babalu” ou no
cabeleireiro e “corta pra mim que nem o da Odete Roitman”? Então, a gente cria
um inconsciente de que será mais fácil se ambientar em lugares diferentes,
quando na verdade não é. A não ser que você tenha saído de uma família cigana e
mudado de cidade 4 vezes ao ano.
Para ter ideia de como a ambientação
é uma coisa difícil, meu hálito mudou. Não sei ainda o que eu ando comendo por
aqui, mas agora tenho mau hálito. Já descobri que donnuts me deixam com a
gastrite atacada, é comer e passar o dia seguinte todo com muita dor de
estômago. Já descobri que o leite não me faz bem também, mas ainda não sei o que me deixa com o hálito ruim.
Falei sobre ambientação e hálito
e esqueci o filme.
Eu odeio ETs, odeio mesmo. Tenho
um medo tão grande, mas tão grande que eu nem sei como explicar. Já era grande,
aí eu assisti a um filme sobre os malditos Greys que roubavam um garoto e
pronto, ficou pior. Aí comentei com uma amiga sobre o medo, e ela disse que “nossa
é verdade os Greys roubam crianças mesmo, eles são tipo uns piratas
intergalácticos” e o caralho a quatro. Eu fiquei uma semana sem dormir. Sério.
Um pavor absurdo. Tive que tomar tarja preta.
Teve a vez em que o maravilhoso
do meu padrinho de casamento (bjs Gabe!) nos convenceu a ver um filme
desgraçado de assombração que era baseado em fatos reais. Outra semana rezando
muito pra conseguir dormir...
Aí, mais uma vez, você para e
pensa: onde a maioria dos filmes de assombração se passam? Onde existem mais
casos de pessoas abduzidas? Isso mesmo! Nos EUA! Já viu gente sendo possuída na
Borda do Campo? Não viu. Viu gente sendo levada por uma nave em São José? Não
viu. Só aqui que acontece essas desgraças, gente. Só aqui. Eu tenho preferido dormir
durante o dia que à noite, pq eu já ‘viajei’ que levavam o Dan, aí eu fico meio
ué da cabeça.
p.s.: Não consigo entender porque
de repente o que eu escrevo ficou tão interessante.
Tem a ver sobre escrever de outro
país? Tem a ver com ser sobre mim e pessoas gostarem de saber sobre a vida
alheia? Eu gosto da vida alheia. Gosto de pessoas. Vai ver é por isso que o
Championsip Vinyl está no ar há quase dez anos. O Rob Gordon fala só sobre o
dia a dia (doentio) dele. Recomendo a leitura, o blog é muito bom.
Sabe que tirando os primeiros dias aqui, não senti essa dificuldade de ambientação, principalmente no caso da língua. A princípio sim, era estranho, mas hj o estranho é ouvir português. Apesar de estar a quase dois anos aqui, entendo o japonês, mas não consegui ainda formar uma frase completa... Bem complicado!!
ResponderExcluirAs estórias de terror q eu ouço aqui são, no mínimo, engraçadas! Mesmo pq japonês só se assusta com obake (fantasma).Existe um pânico geral no quesito fantasma. Realmente a diversidade me encanta!!!